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terça-feira, 7 de outubro de 2008

Lá vem o golpe: Crise bate às portas do Brasil

Governo anuncia mais um socorro a empresas e
pequenos bancos com uma medida provisória de emergência.
Banco Central ganha mais poder.
No Brasil, novas medidas de emergência: o governo vai mexer no cofre. As reservas internacionais vão socorrer exportadores e pequenos bancos. O Banco Central ganhou mais poder. O governo subiu o tom e começou a explicar a gravidade da crise, mas com a preocupação de manter a serenidade e deixar claro que as medidas anunciadas são preventivas.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, falou longamente com a imprensa. Reafirmou que o Brasil está lidando com reflexos da falta de crédito internacional e que o problema aqui é importado.
“Essa não é uma crise simples. Pelo contrário, é uma crise muito forte, talvez a maior crise desde 1929, e ela não vai terminar tão cedo. Hoje nós estamos em um momento de irracionalidade e comportamento de manada. É o pior momento da crise”, definiu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a realidade da crise.
Como escudo, o governo anunciou mais de US$ 200 bilhões em caixa.
“Nós temos recursos suficientes para enfrentar a crise. Não que ela não afete. Como disse o ministro [Guido Mantega], afeta a todos, mas temos recursos suficientes para enfrentá-la com serenidade”, afirmou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Mas, por precaução, o governo apresentou as armas e vendeu US$ 1,5 bilhão para colocar mais dinheiro no mercado. O Banco Central também decidiu comprar títulos de bancos no exterior com garantia de recompra. Assim, os bancos passam a ter mais dólares para oferecer linhas de crédito a exportadores brasileiros. E mais: o BNDES vai repassar mais R$ 5 bilhões para financiar operações de comércio exterior.
Novas medidas foram tomadas logo em seguida. Depois de uma reunião do conselho político, no Palácio do Planalto, o governo anunciou uma medida provisória que dá mais poderes ao Banco Central. São poderes para criar uma espécie de cheque especial para que pequenos bancos possam financiar operações de crédito, oferecendo a carteira como garantia.
O Banco Central também foi autorizado a fornecer empréstimo em moeda estrangeira, que pode favorecer exportadores. Outra medida permite empresas de leasing a emitir papéis mais fáceis de serem negociados no mercado.
“É como se o Brasil estivesse exposto a uma epidemia para a qual ele está vacinado”, acredita o líder do PT, deputado Maurício Rands (PT-PE).
Para o relator do orçamento da União, senador Delcídio Amaral (PT-MS), o governo terá que refazer as contas por causa da crise.
“Primeiro: se o mundo entrar em recessão ou crescer pouco, a economia brasileira também vai crescer pouco, e isso tem impactos na arrecadação. Tendo impactos na arrecadação, você vai ter que fazer cortes. Cortes ou nas despesas ou cortes nos investimentos ou cortes em emendas parlamentares”, afirmou o relator do orçamento da União, senador Delcídio Amaral.
As medidas assinadas pelo presidente Lula têm que ser aprovadas no Congresso dentro de um prazo, mas já estão valendo.

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