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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Alexandre Garcia: segurança pública é uma emergência

“Trata-se do retrato da falência de um sistema inteiro,
que é também o retrato de um círculo vicioso
que a cada dia se agrava mais”, afirma o colunista.
Trata-se do retrato da falência de um sistema inteiro, que é também o retrato de um círculo vicioso que a cada dia se agrava mais.
Reclamamos que os bandidos estão nas ruas e não nas cadeias e depois temos que reclamar que os bandidos que estão nas cadeias, estão empilhados, mal-cuidados ou continuam no crime, mesmo atrás das grades.
Mostramos o Espírito Santo como mostramos antes cadeias de outros estados, onde mulheres presas são misturadas com homens; adolescentes são misturados com adultos; e criminosos que estão nas prisões e nas ruas estão a nos obrigar a que criemos também as nossas grades.
A vida se deteriora e, com ela, todos os belos direitos escritos na Constituição: o de ir e vir, o de trabalhar, o de viver. Isso não é um mal mundial, como tentam justificar algumas autoridades.
Basta ir a nossos vizinhos sul-americanos ou à nossa matriz portuguesa para notar como é diferente e mais fácil a vida. A educação é solução de longo prazo. Mas, antes do longo prazo há uma emergência: a da segurança pública.
Flagrante de caos nas delegacias do Espírito Santo
Descaso com a segurança pública no estado chegou a um
ponto extremo. A superlotação explode em violência.
O arquivo é da impunidade. “Um fato ocorreu em 2003. Uma pessoa que foi vitimada no bairro em Laranjeiras teve um objeto roubado, uma bicicleta, e até hoje não foi feito nada, nem um procedimento de investigação para esse caso. Em um outro caso, também em 2003, uma pessoa foi assaltada na porta de um banco, em que foram furtados dela R$ 240. Igual a essa, todas as ocorrências estão aguardando algum tipo de investigação”, aponta o investigador Júnior Fialho.
O armário com as ocorrências fica jogado na frente da delegacia. Do outro lado, está o policial que deveria investigar os crimes – deveria, mas está cumprindo outra função. Ele acabou de descobrir um túnel. Para evitar a fuga, vai ficar a manhã inteira segurando a arma de plantão.
“É problemático”, comenta o policial civil Adilson de Azevedo.
A situação fica ainda mais problemática à medida que mais presos chegam às delegacias. No Espírito Santo, todas têm mais que capacidade. A superlotação explode em violência.
Desespero, fogo e quebra-quebra – uma rebelião foi no final do mês passado. As tentativas de fuga ocorrem quase toda semana. Com as delegacias abarrotadas de presos, o povo fica sem ter onde pedir ajuda.
No distrito policial na cidade de Cariacica, na Grande Vitória, o cidadão que procura a delegacia não consegue registrar ocorrência. A mesa, onde deveria ficar um policial para atender o público, está sempre vazia. O policial passa o dia diante da cela, vigiando os presos.
Ao todo, 244 presos estão no espaço que foi projetado para 32. Do outro lado, está o investigador Hamilton Melo. E só.
“Sou eu sozinho na delegacia. Não aparece chefia de lugar algum. Não aparece ninguém”, reclama o investigador Hamilton Melo.
Para piorar, faltou um policial. Nem o lixo pôde ser recolhido. Os agentes que vieram buscar um preso para prestar depoimento no fórum desistiram. Alegaram falta de segurança e foram embora.
O estudante Danilo Ramalho não tem escolha. Ele mora em frente à delegacia e vive trancado.
“Fico até mais preso do que eles, porque eles podem fugir, como sempre eles fogem. Deveriam levar esses presos para um lugar isolado. Aqui não dá certo. Está no meio de uma comunidade”, conta o estudante.
A comunidade é vizinha do perigo. A parede da delegacia, remendada por marcas de túneis, mostra que muitos presos já escaparam. Quando fogem, eles saem direto na rua por onde mães levam as crianças para a escola.
“A gente tem medo”, diz uma senhora.
O investimento anunciado pelo governo do Espírito Santo para reformar e construir mais seis cadeias até o fim do ano que vem é de R$ 100 milhões. Mas a solução não dura muito, de acordo com o secretário estadual de Segurança, Rodney Miranda. Ele acha que só abrir vagas não adianta. É preciso mudar a lei.
“Temos um problema sério de uma legislação arcaica e extremamente penosa de se cumprir e que necessita urgentemente ser revisada”, afirmou o secretário de Segurança do Espírito Santo, Rodney Miranda.

Veja o vídeo abaixo.

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