SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu, nesta terça-feira, pela primeira vez, que se a crise financeira global atingir o Brasil haverá redução de recursos em todos os ministérios.
- Eu não posso assumir o compromisso com vocês de que, se houver uma crise econômica que abale o Brasil, a gente vai manter todo o dinheiro de todos os ministérios - disse Lula em discurso na cerimônia de 60 anos da Sociedade Brasileira para o progresso da Ciência.
No início do mês, o responsável pelo Orçamento da União, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já tinha dito que a crise global poderia levar o governo a rever seus planos de investimento e até alguns programas sociais. Na época, no entanto, Lula disse que nenhuma obra pararia por causa da instabilidade dos mercados internacionais.
No final da tarde de terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, telefonou para Lula e o convidou a participar de um reunião ampliada do G-8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá e Rússia) no mês que vem, em local e data a serem definidos. Lula aceitou o convite. O telefonema ocorreu por volta de 17h e durou cerca de 15 minutos.
" Se um milhão for arrecadado a menos, vai ter menos dinheiro para todo mundo. Não vai ter ilusão "
Hoje, o presidente mudou um pouco o tom dos possíveis impactos da crise no Brasil e afirmou que a redução nos ministérios virá se a arrecadação de impostos for afetada.
- Até porque se um milhão for arrecadado a menos, vai ter menos dinheiro para todo mundo. Não vai ter ilusão - disse.
Lula, no entanto, procurou manter o otimismo e disse que a crise "vai chegar leve aqui."
Os números divulgados hoje mostram que a crise ainda não atingiu o bolso do governo. No acumulado dos primeiros nove meses do ano, a arrecadação já soma R$ 508,813 bilhões, recorde para o período. Mas o secretário-adjunto da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, já reconheceu que a crise pode afetar a arrecadação de impostos em 2009.
Na segunda-feira, o governo anunciou novas medidas de crédito para aliviar os efeitos da crise. A agricultura ganhará mais 2,5 bilhões de reais e a construção civil terá 4 bilhões adicionais.
- Não vamos lançar um pacote econômico, vamos trabalhar pontualmente na expectativa de que as medidas do (presidente dos EUA George W.) Bush e do (primeiro-ministro britânico Gordon) Brown funcionem", disse Lula.
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