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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Ataques aéreos são só o começo, garante Israel

O Exército israelense fala em várias semanas de combate.
Além dos bombardeios com aviões e navios,
Israel prepara uma ofensiva por terra na Faixa de Gaza.
O governo de Israel declarou nesta segunda que os ataques aéreos contra o grupo Hamas, em Gaza, são apenas a primeira de muitas fases da ofensiva militar.
Em quatro dias, o número de palestinos mortos chega a 375 e quatro cidadãos de Israel morreram. A reportagem é do correspondente Alberto Gaspar.
No Mar Mediterrâneo, nesta terça, um navio israelense colidiu com uma lancha que trazia ajuda humanitária para a Faixa de Gaza. Testemunhas disseram que a colisão foi proposital e em águas internacionais.

Autoridades israelenses dizem que fizeram um alerta por rádio para que a embarcação voltasse e negaram que tenham usado força excessiva. Os israelenses permitiram a entrada de ajuda sobre rodas.

Enquanto isso, os intensos bombardeios contra Gaza continuam. Três prédios do governo palestino, controlados pelo Hamas, vieram abaixo. Os feridos lotam os hospitais e o número de palestinos mortos subiu para 375.
O governo de Israel diz que é uma guerra total e, segundo o primeiro-ministro, Ehud Olmert, ainda em seu primeiro estágio. O Exército fala em várias semanas de combate. Além dos bombardeios com aviões e navios, Israel prepara uma ofensiva por terra.
Sobre isso, conversamos com Auda, uma brasileira, que é professora em Gaza. "Eu acho que na terra pelo menos vai ter uma guerra mais justa. Então, qualquer palestino prefere que a guerra aconteça na terra".

O Hamas convocou mil homens para defender o território. Por enquanto, segue disparando foguetes contra Israel. Na cidade de Ashdod, quase 40 quilômetros ao norte de Gaza, um deles causou a morte de uma mulher, atingida num ponto de ônibus por estilhaços.

A cidade de Isderot é uma das mais atingidas pelos foguetes disparados pelos palestinos. E uma colina é um importante ponto de observação. Emissoras de TV do mundo inteiro mantêm câmeras ligadas no local, algumas 24 horas por dia, para registrar os ataques dos dois lados.

Aron, brasileiro e isralense, diz que, mesmo vivendo com a família numa cidade ainda mais próxima de Gaza, não vai se intimidar. “Nós vamos ficar, porque é o que nós temos, é a nossa terra, independente de fator político ou até religioso”.

Há poucos minutos, um foguete Qassan caiu numa área aberta de difícil acesso, mas um morador da redondeza recolheu e nos trouxe alguns pedaços do foguete.

Presente de Grego: Sívio aumenta o preço da passagem de ônibus, na virada do ano

Preço da passagem vai custar R$ 1,75
O preço da passagem no coletivo urbano vai estar mais caro a partir de primeiro de janeiro. A venda de vales transportes já está sendo feita a R$ 1,75, ao invés dos R$ 1,60, que o usuário estava acostumado. Há cerca de um ano e meio não se ouvia falar em reajuste de passagem de ônibus urbano. A meia passagem será vendida a R$ 0,87. Antes, era vendida a R$ 0,80. Por conta disto, estão faltando vales do mês de dezembro no mercado, apenas vales de janeiro estão sendo vendidos e já com o preço reajustado.
A justificativa da Strans (Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito) é que além do último reajuste no valor da passagem do coletivo urbano ter sido em julho de 2007, há um ano e seis meses atrás, houve o aumento dos insumos que levou a reajustar a planilha de custos.
O reajuste anunciado é menor que 10%, chega a 9,4% do valor praticado. "Realizamos uma reunião do Conselho Municipal de Transportes Coletivo Urbano e mostramos todos os detalhes que levaram a este número final. Explicamos ainda que também não nos agrada ter que aumentar o valor da passagem, mas não podemos esquecer que o sistema é auto-sustentável, o que implicar dizer que todas as despesas devem ser cobertas por uma receita, ou seja, a venda de passagens", justificou o superintendente da Strans, Francisco Gerardo.
Segundo os cálculos da planilha de custos, o preço da passagem do coletivo urbano deveria ficar em R$ 1,762, mas houve uma adequação para R$ 1,75. Na verdade, a reunião do Conselho Municipal de Transportes Coletivos Urbano aconteceu no dia dez de dezembro, quando decidiram que haveria um reajuste no valor da passagem. Os empresários alegaram ainda que não existe nenhum tipo de isenção para o sistema de ônibus, e que o sistema tem que se sustentar.
O empresariado ainda argumenta que os motoristas, cobradores e funcionários tiveram um aumento salarial em torno de 12,35%. O combustível, principalmente o óleo diesel, foi reajustado em 14,59% durante este período. O preço de pneus e recapagem também sofreu reajuste em torno de 16,2%. Além disto, o preço do veículo novo, neste caso, o ônibus, teve aumento de 15,02%).
O teresinense vai gastar 17,83% do salário mínimo somente com passagens de ônibus, tendo em vista que ele pegará duas conduções por dia, em 21 dias úteis por mês.
Para Elisangêla da Conceição, autônoma, o aumento na passagem de ônibus foi uma surpresa ruim neste final de ano. "Pego dois ônibus por dia, no mínimo, e acho a passagem muito cara. Deviam ter avisado antes, para gente se programar. É um absurdo", condena a usuária de transporte coletivo.
Pensamento semelhante tem Antônia Sousa, professora, que também se surpreendeu com o reajuste da tarifa. "Não sou estudante, pago passagem inteira e o preço da passagem a R$ 1,75 é muito cara", diz. A professora afirma que o serviço de transporte urbano em Teresina é muito ruim.

Israel declara guerra total e aberta contra Hamas

Pelo quarto dia, a Gaza é bombardeada com ataques aéreos. O número de mortos não pára de subir. Palestinos sofrem com carência de remédios, alimentos e socorro médico.
É guerra e vai ser levada até o fim, segundo o ministro da Defesa de Israel. Os ataques aéreos israelenses à Faixa de Gaza seguem intensos, mas não diminuíram o poder de fogo do grupo terrorista Hamas.
Há quatro dias, o mundo assiste ao aumento da violência, dos dois lados. O número de mortos cresce - entre israelenses e palestinos. São soldados, militantes, civis, crianças e mulheres.
Já são mais de 320 ataques da Forca Aérea Israelense desde o inicio da operação e perto de 370 palestinos mortos.
Na manhã desta terça-feira, os alvos foram mais instalações do governo palestino em poder do Hamas. A Universidade Islâmica de Gaza também voltou a ser atacada.
O número de foguetes palestinos disparados não aumentou, mas o número de israelenses mortos por eles já é maior, em quatro dias de conflito do que em todo o restante de 2008.
Ontem à noite, foram duas mortes, com intervalo de apenas uma hora. Pela primeira vez, uma delas aconteceu em Ashdod, a mais de 30 quilômetros ao norte de Gaza.
Uma mulher morreu quando se dirigia a um abrigo antiaéreo. O outro morto, na noite de segunda-feira, foi um soldado israelense, em uma base militar. No caso do ministro da Industria israelense, foi só um susto, quando um alarme soou.
Enquanto a pressão internacional contra Israel tem aumentado com manifestações de protesto em várias partes do mundo, a movimentação de tropas e a declaração de uma zona militar fechada, junto à fronteira, parecem indicar que uma invasão terrestre é mesmo uma questão de tempo. A operação tende a aumentar o numero de baixas, dos dois lados.
Hoje, já não existe lugar seguro em Gaza. Sem ter para onde correr, os moradores do pequeno território palestino sofrem com a grave carência de remédios e alimentos
Israel permitiu, na segunda-feira, a entrada em Gaza de 120 caminhões de mantimentos, por um único ponto da fronteira. Mas, segundo a ONU, essa ajuda está muito abaixo das necessidades mais urgentes do território palestino, com 1,5 milhões de habitantes.
Mesmo antes dos ataques, desde que Israel apertou o cerco a Gaza, falta eletricidade 16 horas por dia. Por isso, a rede de água e esgotos parou de funcionar.
Os poucos hospitais, que já operavam em situação precária, receberam mais de mil feridos nos últimos três dias. Remédios e mantimentos estão sendo enviados do Irã, da Síria, de Chipre e da Arábia Saudita, mas ainda não chegaram ao Egito, por onde poderão entrar em Gaza.
Na fronteira, ambulâncias recolhem dezenas de palestinos feridos para serem tratados em hospitais egípcios. O secretário geral da ONU pediu um cessar-fogo imediato e disse estar preocupado com o trauma das crianças em Gaza.
Nos Estados Unidos, enquanto a Casa Branca dá apoio total a Israel e bota a culpa pelo conflito nos palestinos, o presidente eleito Barack Obama continua em silêncio. A mídia tem se limitado a reprisar a visita de Obama ao Oriente Médio este ano, quando o então candidato disse que Israel tem o direito de se defender.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Acordo ou desacordo?Prestes a entrar em vigor, reforma ortográfica ainda aguarda os vocabulários oficiais de Brasil e Portugal

RIO - Depois de discussões que se estenderam por mais de duas décadas, entra em vigor, em 1 de janeiro de 2009, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Mas a estréia no Brasil - O GLOBO passará a adotar as mudanças a partir do dia 5 - ocorre em clima de expectativa, pois o Acordo, assinado em 1990, exige a interpretação, por parte dos lexicógrafos, de diversos pontos. Para que não haja divergências na forma de escrever, é preciso seguir o que determina o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, sob responsabilidade da Academia Brasileira de Letras (ABL), cuja edição atualizada só ficará pronta em fevereiro ou março. Em Portugal - cujo prazo de transição se estende até 2014, contra 2012 no Brasil - nem há sinal, por enquanto, da confecção de algo do tipo pela Academia das Ciências de Lisboa, embora o Acordo preveja um vocabulário ortográfico comum aos signatários. Também não há negociações nesse sentido.

- É um acordo internacional que corre o risco de não acontecer na prática - diz o escritor e professor da UFRJ Godofredo de Oliveira Neto, presidente do Instituto de Língua Portuguesa, ligado à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Dicionário da ABL teve erros na primeira edição

Enquanto o vocabulário ortográfico, que será lançado pela Editora Global, não fica pronto, o filólogo Evanildo Bechara, acadêmico que coordena sua atualização na ABL, tem sido procurado por muita gente, como os lexicógrafos que correm para chegar na frente com dicionários atualizados. Todos querem tirar dúvidas e em alguns casos buscam adivinhar o que ele vai decidir. "Houaiss" (Objetiva), "Aurélio" (Positivo) e o "Dicionário Escolar da Língua Portuguesa" (Companhia Editora Nacional), este feito pela própria ABL, são alguns dos títulos que se encontram nas livrarias com a nova ortografia.

O presidente da ABL, Cícero Sandroni, confirma que a instituição está preparando o vocabulário ortográfico da língua portuguesa sem intercâmbios com instituições de Portugal.

- Vamos procurar dar tempo ao tempo. Portugal tem mais tempo para se adaptar às normas que nós. Só o tempo vai decantar as diferenças, poderemos conversar com eles na medida em que surgirem divergências - observa.

Entretanto, Sandroni acredita que serão importantes novas negociações entre os governos dos dois países, a fim de criar um canal para a realização do vocabulário ortográfico comum, como prevê o Acordo. Em Portugal, houve muito mais resistência que no Brasil às mudanças propostas.

Compra de dicionários pelo governo vai atrasar

O diretor de Ações Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Rafael Torino, do Ministério da Educação, diz que será lançado um edital para aquisição de dicionários no início de 2009 depois que a ABL publicar o vocabulário ortográfico.

- Vamos mandar kits com um exemplar de cada dicionário aprovado para um milhão de salas de aula do ensino fundamental e médio. A compra não é em função do Acordo. Ela já estava prevista, só vai atrasar um pouco porque esperamos a ABL - diz Torino.

Segundo o diretor, os livros didáticos são comprados a cada ano para um nível diferente de ensino. Nesse sistema, todos os níveis estarão com livros atualizados em 2012, que é o limite estabelecido pelo governo para as mudanças.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Globo Repórter: Retrospectiva 2008

Um encontro com a História
As cenas que vivemos em 2008 não vão ficar apenas na nossa memória. No futuro, elas terão um lugar de destaque na vasta biblioteca que vai contar a história do século 21. Quantas viradas em apenas 12 meses? Este ano, o mundo mudou. Testemunhamos um encontro com o inimaginável. Ascensão de uma superpotência: a China mostrou o seu poder. Queda na economia: a prosperidade virou pó e a recessão surpreendeu o mundo. Esperança na política: um novo líder conquista a América. Segredos assustadores, terror entre quatro paredes. E a liberdade de Ingrid Betancourt, depois de anos de cativeiro. Resgates inesquecíveis. Tiros nas ruas do Brasil. Uma guerra no Leste Europeu. Conflitos na América Latina. Escândalos, surpresas e uma tragédia natural nunca vista no país.
Uma explosão devastadora. As águas de novembro causaram uma das maiores tragédias naturais da história do Brasil. Nunca se viu tanta chuva. A terra encharcada se desmanchou sobre as casas e soterrou famílias inteiras. Municípios ficaram em situação de calamidade pública. Fenômeno La Niña esfriou as águas do Oceano Pacífico e trouxe tempestades, raios e seca. Choveu granizo em Belo Horizonte. A terra tremeu em São Paulo. E até um tornado assustou o Sul do Brasil. Na Índia, um bebê foi resgatado de uma enchente. Na China, terremotos abalaram a maior população do mundo. Um ciclone varreu Mianmar e mudou o mapa. Furacões causaram desespero nas Américas.
Na Pinacoteca de São Paulo, câmeras de segurança gravaram o roubo de quatro obras de arte. Um ladrão de cabos de cobre agiu com a maior tranqüilidade no Rio de Janeiro. Policiais foram flagrados dançando durante o horário de serviço. Descontração ou conduta inadequada? Em três minutos, nove homens fizeram um arrastão dentro de uma loja. No Pará, um assaltante acertou a fivela do cinto de um policial durante um tiroteio e se rendeu diante das câmeras. Uma briga em um posto de gasolina de Porto Alegre foi registrada. Avião quase não aterrissa na Alemanha. E um balão caiu em chamas bem ao lado de uma aeronave. Foi por pouco.
O fenômeno Ronaldo foi enganado por travestis. Uma brasileira esteve no olho do furacão que varreu o governador de Nova York. Militares gays saíram do quartel para a capa de uma revista. Dona de uma voz maravilhosa, a cantora Amy Winehouse abusou: bebeu demais, se drogou demais, se arriscou demais. Madonna se encantou por Jesus Luz, um brasileiro de nome profético.
Barack Obama vira símbolo de esperança ao ser eleito nos Estados Unidos. O mundo comemorou. Um tablóide inglês comparou com a chegada do homem à Lua: um grande passo para a Humanidade. É o fim da era Bush, que deixou como herança o maior déficit da história, uma crise financeira e uma guerra que já matou 4 mil soldados americanos e 100 mil civis iraquianos. Durante a campanha, não foram poucos os percalços, escândalos, discursos racistas. A crise financeira exige ação. George W. Bush propôs um pacote de ajuda, que os próprios republicanos rejeitaram. Obama apoiou e se tornou o favorito. Às vésperas da eleição, o democrata não conteve a emoção pela morte da avó materna. No dia 4 de novembro, os americanos foram às urnas. O mundo se voltou para a América. John McCain reconheceu a derrota republicana. A vitória de Obama é carregada de expectativas.
Suspense: em pleno século 21, fomos surpreendidos por um freio no curso da História. O sonho americano acabou? O ano de 2008 foi de falência, ruína de bancos e financeiras, desemprego, queda nas bolsas. O mundo inteiro sentiu. A crise foi globalizada: atingiu ricos, pobres e emergentes de todos os continentes. O Brasil começou o ano com menos pobreza, mais empregos com carteira assinada, lojas cheias e fartura no campo. No fundo do mar, um tesouro magnífico: a camada de pré-sal veio à tona. Mas 2008 fechou com inflação. O presente preferido pelos franceses neste Natal foi dinheiro.Na China, 67 mil empresas já foram à falência. Ninguém neste planeta está sozinho a partir de agora.
Cientistas tentaram encontrar a explicação para a origem do Universo através de uma máquina projetada para recriar a grande explosão onde tudo começou. Mas um vazamento de gás adiou os planos dos cientistas. A sonda Phoenix mostrou que tem gelo em Marte. Eclipse lunar encantou moradores de São Paulo. Pesquisadores brasileiros participaram de uma descoberta histórica: o mapa da leitura no cérebro humano. Na Califórnia, um pequeno robô foi para a escola. Pesquisa de um médico brasileiro pode devolver os movimentos a quem tem paralisia. Próteses com inteligência artificial revolucionaram a vida de deficientes. Ida ao Espaço vira rotina. Uma astronauta perdeu a bolsa de ferramentas durante o expediente. Caminhadas já fazem parte do dia-a-dia na Estação Espacial Internacional. Um grande salto para nossa História.
Em 2008, vivemos momentos inacreditáveis. O padre Adelir de Carli planejou um vôo com balões coloridos. Mas o tempo mudou, e o religioso foi parar em alto-mar. Em Minas Gerais, um homem ficou mais de 30 horas preso dentro de uma cisterna. Na Turquia, um menino de 8 anos ficou preso em um cofre. Menina foi a única sobrevivente de um acidente que matou seus pais e sua irmã.
Brasil 2008: era uma vez, um ano que valeu por um século – ou mais! De repente, mergulhamos no passado, encaramos o presente e sonhamos com o futuro. Este ano, datas importantes lembraram os contrastes do nosso país. O verde da Amazônia está virando cinzas. Completamos dois séculos da chegada da família real portuguesa e um século de imigração japonesa. Também foram comemorados os cem anos da morte de Machado de Assis e do nascimento de Guimarães Rosa. Boas lembranças do passado e maus momentos do presente permeiam nossa história. Índios, sem-terra, garimpeiros e fazendeiros estão em pé de guerra. Febre amarela, malária e dengue assustam a população. Médicos, advogados, policiais, juizes, servidores públicos, prefeitos, ex-prefeitos, empresários e um banqueiro entraram na mira da Polícia Federal. Fantasmas assombraram a política. Grampos e dossiês abriram feridas e criaram CPIs. Houve fartura de gastos com cartão do governo: viagens, compras, aluguéis de carros. Vários golpes foram descobertos. Deputado Paulinho da Força Sindical escapou do Conselho de Ética da Câmara. Lula encerra o ano com a maior aprovação de um presidente brasileiro. Vêm aí os novos prefeitos, eleitos pelo voto democrático.
Em 2008, Venezuela, Colômbia, Equador, Bolívia, Brasil foram peças-chave de acordos e conflitos políticos. Uma longa jornada de luta chegou ao fim: Ingrid Betancourt foi libertada pelos guerrilheiros das Farc. Uma operação militar do governo de Álvaro Uribe pôs fim ao sofrimento de seis anos na selva. Hugo Chávez enfrentou a oposição dentro de casa. Na Bolívia, oposição e governo entraram em conflito. O Equador declarou moratória e se estranhou com o Brasil. Novo presidente do Paraguai também quer rever a dívida com os brasileiros. Fidel Castro finalmente renunciou e entregou o cargo para o irmão.
Segredos de família: uma expressão que provocou calafrios em 2008. Isabella Nardoni, de 5 anos, foi jogada da janela do sexto andar como se fosse um boneco. O corpo de Raquel Maria Lobo Oliveira Genofre, de 9 anos, foi encontrado em uma mala na rodoviária de Curitiba. O seqüestro e a morte de Eloá Pimentel, de 15 anos, chocaram o país. Por sorte, não foi fatal o tiro que atingiu o rosto de Nayara Rodrigues durante a confusa operação de resgate. Na Áustria, um pai monstro trancou a filha no porão de casa durante 24 anos. No Brasil, dezenas de criminosos foram para a cadeia por crimes de pedofilia e exploração sexual. Uma menina de 12 anos foi acorrentada e brutalmente torturada pela mãe de criação.
Maus presságios se anunciaram na Copa do Brasil e até São Jorge caiu. Mas a torcida não abandonou o time, e o Corinthians deu adeus a Segunda Divisão. O tricolor paulista é hexacampeão. Enquanto isso, em São Januário, no Rio, os torcedores do Vasco estão com o coração partido com a queda do time. Nos estádios, brigas, bombas e até um raio dentro de campo. E o que dizer de um árbitro bêbado? Romário pendurou as chuteiras.
Duas mil cruzes foram colocadas ao longo de uma avenida. Quatro mil balões simbolizaram lágrimas de sangue na praia. Em Copacabana, 16 mil cocos representaram cabeças tombadas. Traficantes e milícias duelaram no Rio. Qualquer semelhança com uma guerra não é só aparência. Em São Paulo, polícias entraram em confronto. Balas e até bombas foram disparadas. No Rio, a polícia derrubou a muralha do tráfico. O carro da família de João Roberto foi confundindo com o de bandidos e alvejado pela polícia. O menino morreu. Do lado de fora dos presídios, somos prisioneiros. Por trás das grades, o crime é perfeito. Traficantes usam telefone celular como arma. Aparelhos entram na cadeia escondidos no recheio de esfirras, no corpo de meninas, na cabeça de crianças que usam perucas como disfarce. Autoridades foram assassinadas. Traficante de segurança máxima foi para a cadeia de jatinho. Maconha apreendida viajou de helicóptero. Policiais cumprem pena em um presídio militar sem estresse. Periferia e Zona Sul do Rio são vítimas do mesmo impasse: de quem será a responsabilidade pelas mortes violentas? Homicídios e acidentes de carro são os grandes responsáveis pelas mortes violentas que atingem os filhos deste solo.
Até onde ninguém esperava, a violência marcou território. Na Grécia, a morte de um adolescente por um policial foi o estopim de uma onda de protestos em Atenas. Na Índia, ataques sangrentos espalharam o horror em Mumbai. Manifestantes pedem a independência do Tibet. Um jornalista atirou sapatos na direção do bpresidente George W. Bush. Os Estados Unidos retiraram a Coréia do Norte da lista dos países que apóiam o terror. Mas o Irã fez novos testes com mísseis. No Afeganistão, o Talibã ameaça um dos herdeiros do trono britânico. Israelenses e palestinos continuaram em pé de guerra. Na costa africana, guerrilheiros somalis seqüestraram navios e pediram resgates milionários. No Quênia, a reeleição do presidente transformou o país em campo de batalha. Países do Leste Europeu disputam a província da Ossétia do Sul. Dmitri Medvedev assume o poder na Rússia. Silvio Berlusconi promete acabar com a crise do lixo no sul da Itália. Novos tempos: a jovem cantora Carla Bruni agora é primeira-dama da França.
O Brasil e o mundo perderam um pouco de graça em 2008. Entre as personalidades que vão deixar saudades estão a atriz Dercy Gonçalves, o ator Paul Newman, a cantora Sylvinha Araújo e compositor Dorival Caymmi.