Representantes do Conselho Estadual de Saúde, do Sindicato dos Previdenciários (Sintsprevs) e dos servidores do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal do Piauí, estão realizando um abaixo-assinado para impedir que a parte que funciona no HU, cerca de 5% da capacidade, seja fechada durante a reforma.
Com o fechamento, previsto para a próxima semana, eles afirmam que muitos pacientes sofrerão, pois vários procedimentos médicos são feitos, no Piauí, através do SUS, apenas no HU. Com a paralisação do hospital durante os 360 dias estipulados para as obras, cerca de 50 mil procedimentos devem deixar de ser realizados.
A recomendação do fechamento do hospital foi feita pelo engenheiro da instituição, Marcos Antônio Mastrangelo. Ele se reuniu hoje com as entidades para ouvi-las e explicar o motivo da decisão. “A maioria de vocês não tem idéia do tamanho da reforma. A desocupação é por causa do nível de intervenção. A reforma vai atingir todos os níveis. Nenhum piso, nenhuma parede dessa aqui, será a mesma. É difícil manter o hospital funcionando. Há riscos para as instalações do hospital, tem poeira, barulho, pode faltar energia, água”, argumentou o Marcos Antonio.
No entanto, uma médica do hospital, que pediu para não ter seu nome revelado, acredita que é possível continuar os trabalhos mesmo com a reforma. “Nós sabemos que a reforma é para o bem da comunidade. Mas estamos pedindo que o que já existe não seja paralisado. Nós já temos aqui muitas especialidades médicas, tem um laboratório que funciona muito bem, temos um grupo de doenças inflamatórias intestinais que atende cerca de 200 pacientes de todo o estado, exames específicos para eles, que só aqui são credenciados pelo SUS”, disse.
Segundo a médica, no HU, existem também programas contra o tabagismo, em convênio com o Instituto Nacional do Câncer, que exigem uma estrutura de hospital para funcionar.
O gastroenterologista José Miguel Parente ressaltou que há um grupo de cerca de 200 pacientes com doenças crônicas do intestino, cujo acompanhamento e feito pelo SUS apenas no HU. “Esses pacientes vêm em no máximo de três em três meses aqui para fazer o acompanhamento e sem o HU não terão onde ser atendidos”, disse.
José Miguel acrescentou ainda que os laboratórios especializados em fígado e vias biliares e outro especializado em pâncreas são únicos no estado concentrados em um hospital público. “Os doentes que são internados no HGV, após sua alta eles fazem o seguimento aqui no HU”, disse.
De acordo com o presidente do Sintsprevis e membro do Conselho Estadual de Saúde, Inácio Schuck, após a reunião com o engenheiro da UFPI, será formada uma comissão para tratar do assunto com a reitoria da universidade. Além disso, no dia 21, o Conselho fará uma reunião, onde umas das pautas a serem discutidas será a do fechamento do HU.
A reportagem do Acessepiauí tentou falar por telefone com o reitor da UFPI, Luís Santos Júnior, mas quem atendeu foi sua secretária. Ela informou que ainda não há nenhuma posição da universidade a respeito do assunto e pediu que a reportagem entrasse em contato na semana que vem.
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