MP pede prisão e PMs são indiciados por fuzilar menino Delegado está convencido da ?intenção de matar?[br]e diz que os policiais tentaram ?mascarar a verdade?
A promotora Christiane Barbosa Monnerat pediu ontem à Justiça a prisão temporária por 30 dias do cabo William de Paula, de 36 anos, e do soldado Elias Gonçalves da Costa Neto, de 30, indiciados horas antes pelo assassinato de João Roberto Amorim Soares, de 3 anos.
O delegado Walter Alves Oliveira afirmou estar "convencido da intenção de matar" e por isso indiciou os PMs pelo crime de homicídio doloso qualificado (sem chance de defesa para a vítima). A Polícia Civil informou que, como o projétil que atingiu a cabeça da criança não estava inteiro, não será possível identificar qual dos dois policiais foi o responsável pelo tiro que matou João.
Em depoimento momentos depois do crime, no fim da noite de domingo, os policiais afirmaram que o carro da advogada Alessandra Amorim Soares, onde estava, além de João Roberto, seu irmão Vinicius, de 9 meses, foi pego no meio de uma troca de tiros com criminosos que estavam num Fiat Stilo preto.
O delegado tem provas de que os policiais mentiram no depoimento. Oliveira usou imagens do circuito de segurança do prédio que fica na frente do local do crime. "A fita foi conclusiva para apontar o interesse deles em mascarar a verdade". Nas imagens os policiais "nitidamente" disparam mais de 15 tiros contra o carro da família, um Palio Weekend grafite, segundo o delegado. "O carro é totalmente diferente (do Fiat Stilo preto). Tenho certeza de que não era a intenção deles matar a criança. Cometeram um erro lamentável", afirmou.
As imagens não mostram nenhum Fiat Stilo preto. Os policiais já estão presos administrativamente por ordem do comandante do 6º Batalhão de Polícia Militar (Tijuca), coronel Ruy Loury. Ele afirmou que até o prazo da prisão administrativa expirar, amanhã, estará concluída a sindicância interna que apura a conduta dos militares.
Loury contou que o cabo e o soldado realmente perseguiam um Fiat Stilo, que havia praticado assaltos na região. "Mas não importa a justificativa dada pelos policiais. Mesmo que aleguem falta de treinamento ou uma eventual troca de tiros. Na vida profissional de um policial militar, se convive com o medo do inesperado, mas nada justifica a morte dessa criança."
PERFIL
O comandante informou que ambos os policiais trabalham no 6º Batalhão há pouco mais de três anos. O soldado está ali desde sua formação e o cabo se encontra na corporação há cerca de 10 anos. "Conversei com eles e estão arrasados, porque também são pais de família. Mas na Polícia Militar não vamos passar a mão na cabeça de ninguém.
"Na noite de segunda-feira, uma equipe do 6º BPM encontrou o Fiat Stilo preto roubado na noite de sábado. O carro foi abandonado numa das entradas do Morro do Cruz, perto do local do crime. O delegado Walter Oliveira informou que deve recolher o depoimento do dono do veículo para tentar elaborar um retrato falado dos criminosos.
Polícia do Rio de Janeiro é a que mais mata no mundo
Nenhum comentário:
Postar um comentário