Presidente se reúne com o pontífice no Vaticano
e pede que ele fale da turbulência econômica em discursos
ROMA - O papa Bento XVI manifestou preocupação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a crise financeira internacional. "Ele disse que a crise é grave", relatou o presidente, que teve uma audiência fechada com o Papa, de 24 minutos, na biblioteca do Vaticano. O encontro foi acompanhado por dois tradutores. Lula disse ao Papa que participará no sábado da reunião com o G-20, em Washington, para discutir a crise. "Eu pedi ao Papa que nos seus pronunciamentos ele fale da crise econômica, pois, se todo o domingo o papa der um conselhozinho, quem sabe a gente encontra mais facilidade para resolver o problema", afirmou.
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Lula disse ter dito ao papa que o que o preocupa é a situação das camadas mais pobres da população. "O empresário pode perder um pouco, mas vai continuar sendo empresário, vai continuar rico. E os setores mais avançados da sociedade vão perder um pouco, mas continuarão comendo, bebendo e jantando. "A minha preocupação é que a crise resulte no empobrecimento daqueles que já são pobres", repetiu Lula, depois da audiência.
O presidente ofereceu ao papa uma escultura de barro, de uma família de retirantes nordestinos e ganhou uma caneta de Bento XVI. "Eu disse uma vez, logo depois da visita dele (papa) ao Brasil, que a imagem que eu tinha dele era a que passava na TV: um homem sisudo e de poucos amigos. A verdade é que ele é um homem afável e fiquei surpreso por ele ser bem informado sobre o Brasil". Segundo relato do presidente, o papa chegou a comentar sobre o programa Luz Para Todos, a política do governo brasileiro com a África e o "sucesso" do Bolsa Família. "O Brasil sempre trabalhou e trabalhará para ter uma boa relação com os papas", disse Lula.
Após o encontro reservado com Lula, o papa cumprimentou a primeira-dama, Marisa Letícia, e os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Nelson Jobim (Defesa) e Celso Amorim (Relações Exteriores). Em seguida, representantes do governo brasileiro e do Vaticano assinaram acordo que ratifica normas já previstas na legislação brasileira, da atuação de religiosos no país.
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