TENHO UM NETINHO DE 5 ANOS QUE TEM AUTISMO E
GOSTARIA QUE VOCÊS, AMIGOS E AMIGAS DO FACE, DIVULGASSEM ESSE DESABAFO DO MEU FILHO
(PAI DO GABRIEL) QUE RELATA UM TAMANHO PRECONCEITO PARA COM MEU NETINHO LINDO :
Autismo quando acabará o
preconceito?
Eu sou pai de criança com o diagnostico de
autismo e como muito pais de crianças portadoras de deficiência
físico-motora, déficit de atenção, hiperativos, distúrbios de comportamento entre
outras, sofro com a dificuldade de
aceitação do meu filho em de Instituições de Ensino, clubes recreativos,
academias, espaços públicos etc. O
que estou escrevendo aqui não é um pedido de piedade, mas um desabafo por ver
em tantos lugares não cumprirem do direito legal que meu filho e outras
crianças portadoras de alguma deficiência têm em usufruir de um ensino de
qualidade, da pratica esportiva, de interação social, e demais necessidades que
estas crianças, adolescentes, adultos e idosos têm para terem uma vida
digna.
No ultimo dia 06 de março de 2012, eu fui convidado a retirar meu filho de 05
anos da natação da AABB, pelo professor Manoel, por meu filho ser portador de autismo, o clube não teria condições
de trabalhar com ele. Ele já estava matriculado desde dezembro de 2011, nunca
me ausentei da piscina, sempre o acompanhando. Quando o matriculamos, eu e
minha esposa, não visamos o aprender a nadar, mas o trabalho de interação com
outras crianças, que é de extrema necessidade para o seu desenvolvimento.
De fato, houve um episódio em janeiro que ele evacuou na
piscina, e o fato se repetiu no dia 06/03/12, mas eu nestes dois momentos
acompanhei o processo de higienização da piscina, localizando o zelador
para limpá-la. Na primeira ocorrência o professor Manoel me abordou de forma
abrupta me questionando que eu havia matriculado meu filho e omitido o
diagnostico de autismo, fato este que não omiti tanto no momento da
matricula e na avaliação médica dele no clube. Ainda acrescentando, ele
falou que se tivesse tomado conhecimento não teria aceitado. No segundo
fato fiz o mesmo procedimento, e o professor Manoel, me abordou
novamente já afirmado que “já tinha dado uma chance, e ele fez de
‘novo’, e desse jeito o que ele iria falar para os outros pais?” Fato é
que nesse dia, havia alguns pais e nenhum falou sobre a situação nem retiraram
seus filhos da piscina, posterior ao fato.
Esperei uma semana para ir
à AABB para solicitar o cancelamento da matricula do meu filho, tempo este, não
por omissão, mas para poder acalmar maus sentimentos pela situação.
Fui à presidência do clube, no dia 22/03/12,
solicitar o cancelamento da matricula, mediante a declaração por escrito, por
parte do clube, do motivo da solicitação do cancelamento da matrícula de meu filho.
O
presidente veio com o discurso me informou que não era o pensamento do clube
tal postura, que existe leis de inclusão social e que tal atitude não poderia
ter existido,(mas existiu), que iria se reunir com a equipe de
atividades físicas do clube para estudarem uma metodologia de trabalho com ele,
pois o clube era “um centro integrador”, e por ser isso, não poderia agir desta
maneira. O prazo dado pelo presidente da AABB, para me contatar sobre a situação,
foi até o dia 27/03 e hoje já são 31/03 e até o momento, nada.
Este episódio me fez recordar fato que
aconteceu há dois anos, também com ele, quando fomos forçados a tirá-lo do
Instituto Dom Barreto, pela mesma situação: O Diagnostico de Autismo.
Como não pudemos ir à reunião que o colégio
havia marcado, resolvemos ir antes do inicio das aulas, para a nossa decepção!
Quando iniciamos a falar com a coordenadora do
ensino infantil, ela se demonstrou surpresa, pois não sabia que haveria uma
criança autista em sua sala de Infantil I, e mais uma vez, o questionamento:
“como nós omitimos a informação do diagnostico de autismo de nosso filho”?
Ela pegou uma ficha que preenchemos para o
processo de pré-seleção de matricula e lá minha esposa havia informado que
nosso filho tinha TIDE (Transtorno Invasivo do Desenvolvimento), pois até então
não tinha diagnóstico fechado de autismo. Recebemos a carta de aceite, que o
colégio estaria “feliz” em recebê-lo. Fiz a matricula, e uma das exigências era
o atestado de saúde. Documento este que solicitamos da neuropediatra que o
acompanha de o inicio. Neste documento está informado já o diagnostico de
autismo. E, para a nossa surpresa, o colégio não havia lido os atestados
médicos da turma que nosso filho seria inserido. Interessante, e nós é que
fomos omissos!
O diálogo não terminou por ai. O colégio nos informou que se quiséssemos
nosso filho no colégio teríamos que contratar um Acompanhante Terapêutico,
porque ele não poderia ficar desacompanhado, e como nosso filho ainda não fala,
ele com certeza seria excluído pelas as outras crianças da sala. Como um colégio pode aceitar um fato como
esse?
No dia seguinte à reunião, fui solicitar o
cancelamento da matricula, que foi prontamente providenciada sem nenhum
questionamento, somente me levaram a tesouraria e me devolveram o dinheiro.
Achei que foi um alivio para eles.
O que me deixa indignado é o fato de que temos
leis que garantem os direitos de nossos filhos, mas ainda há instituições de
ensino, academias e clubes que ainda se negam a cumpri-las.
Eu sei que a vida de meu filho está em uma linha tênue onde
ele pode 50% de chance ser no futuro um adulto plenamente funcional ou estar
50% de chance de ser eternamente dependente de outros para acompanha-lo em sua vida
diária. Mas o que mais me fere é ver
minha esposa chorar pelos cantos quando sentimos a preconceito e discriminação
que meu filho sofre, e que ele inocentemente não percebe.
Acho que já
ficamos calados demais, devemos
fazer o cumprimento da lei, não podemos mais nos esconder, nos isolar, meu
filho não pediu para ser autista, mas por causa disso não devemos ser excluídos
da sociedade, nem a sociedade deve nos julgar pela situação. Nós só queremos
que seus direitos sejam cumpridos. (Inácio de Loiola de Oliveira Campos Júnior)
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