BRASÍLIA - Pressionado pela presidente Dilma Rousseff a dar explicações sobre o crescimento de seu patrimônio e sem apoio do PT, o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, tentará nesta sexta-feira, 3, contornar a ruidosa crise política com uma manifestação pública. Dilma disse a Palocci, nesta quinta, 2, que é "um erro" ele esperar o parecer da Procuradoria-Geral da República para rebater as denúncias porque o desgaste já atinge o governo.
A situação de Palocci, acusado de multiplicar o patrimônio em 20 vezes durante quatro anos, é considerada gravíssima tanto pelo Planalto como por petistas. Sua permanência no cargo depende dos esclarecimentos e do fim das acusações.
A Executiva Nacional do PT, reunida na quinta, lavou as mãos e não produziu nenhuma linha em defesa de Palocci. "Não entramos no mérito da questão. O ministro me disse que vai se manifestar sobre suas consultorias", afirmou o presidente do PT, Rui Falcão. "O assunto Palocci é do governo, não é do PT", emendou o secretário de Comunicação, deputado André Vargas (PR), indicando que o chefe da Casa Civil foi abandonado à própria sorte.
No Planalto, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, admitiu que a crise envolvendo Palocci é delicada. Ressalvou, no entanto, que ele "continua firme"e dará explicações sobre a origem de seu patrimônio. Até a noite desta quinta, não estava definido se Palocci concederia uma entrevista ou faria um pronunciamento. A ideia era a de que ele falasse ao Jornal Nacional, da TV Globo. "A presidente conversou com Palocci e disse que era importante ele se manifestar. A gente enfrenta crises com maturidade e transparência. Não perdemos o nosso norte", insistiu Carvalho.
A decisão de não fazer desagravo nem atacar Palocci foi combinada pela cúpula do PT com o governo. De manhã, Falcão foi ao lançamento do programa Brasil Sem Miséria e teve um tête-à-tête com Carvalho. "Cuide lá para não ter tiro nas costas da gente", recomendou o ministro.
Na reunião da Executiva, a discussão foi acalorada. O vice-presidente do partido, José Guimarães, defendeu uma nota de apoio a Palocci, mas foi voto vencido. Valter Pomar, ex-titular de Relações Internacionais, e Renato Simões, secretário de Movimentos Populares, pregaram a saída de Palocci. Sob intenso tiroteio há 19 dias, o chefe da Casa Civil, é também suspeito de ter feito tráfico de influência.
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