Com um aumento de 36,1%, em apenas nove meses no número de deputados e senadores sob investigação, o Brasil chega a ter um quarto de seus congressistas na mira da Justiça. Ao todo, 123 deputados e 20 senadores são alvo de algum tipo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) e, segundo a Procuradoria Geral da República, há indícios para transformar 48 deles (42 deputados e seis senadores) em réus.
As informações são parte de um levantamento realizado pelo site Congresso em Foco, especializado na cobertura do Legislativo, que comparou dados consolidados em 4 de setembro de 2007 e em 30 de maio de 2008 sobre processos contra parlamentares. Segundo o levantamento, o maior número de processos é por crimes contra a administração pública, como peculato e desvio de verbas, e por corrupção passiva ou ativa.
Sob o aspecto da divisão por Estados, todos os 26, além do Distrito Federal, têm ao menos um representante sob investigação. Em São Paulo há a maior bancada - 70 deputados e 3 senadores - e o maior número de envolvidos em processos: 20 deputados. Em termos de proporcionalidade, Roraima é campeã. Dos 11 representantes no Congresso, sete estão sob suspeita no Supremo.
Entre os partidos, o PMDB tem quase um terço de sua bancada sob investigação. Em números absolutos, os peemedebistas lideram, seguidos do PSDB e do DEM, com 18 acusados cada. O PT e o PR têm 11 integrantes sob suspeita. O PP se destaca em termos de proporcionalidade com 41 representantes sob suspeita. Do total de 20 partidos representados no Congresso Nacional, apenas PC do B, PSOL, PHS, PT do B e PTC não têm deputados ou senadores citados no Supremo.
Representatividade
Para o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto, os dados do levantamento revelam três pontos-chave: é patente a baixa qualidade da representação política brasileira; pessoas públicas estão mais sujeitas a processos por adversários políticos; e a filtragem de candidatos a deputados e senadores por mecanismos eleitorais ainda é falha.
"Não estamos escolhendo bem nossos representantes", afirma Barreto. "Temos falado de reforma política, mas, para melhorar a imagem dessas instituições a curto prazo, só reduzindo a questão da impunidade - que é o que mais ofende os brasileiros." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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