SÃO PAULO - A perita Rosângela Monteiro, que chefiou a equipe do Instituto de Criminalística na apuração da morte de Isabella Nardoni, 5 anos, confirmou em seu depoimento ao juiz Maurício Fossem, do 2º Tribunal do Júri do Fórum de Santana, que foi encontrado sangue humano no carro do pai e da madrasta da menina, morta no dia 29 de março, e que não havia no apartamento do casal indícios relevantes de impressões digitais que indicassem a presença de uma terceira pessoa no local. Alexandre Nardoni e Anna Carolina, acusados pelo crime, estão algemados na sala.
Segundo Rosângela, primeira testemunha de acusação a ser ouvida nesta terça-feira, afirmou que a cadeirinha de bebê no carro do pai da menina continha mancha de sangue com mistura de doadores . Ou seja, a mancha tinha traços de sangue de Isabella, de Alexandre e de Anna Carolina Jatobá, além de uma quarta pessoa, predominantemente masculina, possivelmente um dos filhos do casal. Ela disse ainda que foi justamente o fato de ter sido constatado que Isabella chegou ferida ao apartamento do casal naquela noite que levou os peritos a voltarem ao apartamento da família após a primeira perícia, para que fosse refeito o trajeto da garagem até o apartamento e verificadas áreas como elevador e corredores.
A perita é uma das testemunhas ouvidas nesta terça-feira pelo juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri do Fórum de Santana. Nem o promotor Francisco Cembranelli, nem os advogados de defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá perguntaram a ela de quem seria o sangue encontrado no veículo. De acordo com as informações da polícia, não foi possível verificar de quem era o sangue achado no carro.
Rosângela explicou que, no primeiro momento, os peritos foram chamados para investigar uma tentativa de roubo, seguida de homicídio, no edifício London. Por isso, segundo ela, a coleta de impressões digitais foi uma das primeiras providências tomadas. Segundo ela, não foram encontrados indícios relevantes de digitais que não fossem do casal Nardoni.
O advogado Marco Polo Levorin, que defende o casal, quis saber sobre a coleta de digitais na janela de onde a menina foi jogada. Rosângela confirmou que foi feita a coleta, especialmente na esquadria de alumínio da janela, já que o material costuma preservar as impressões digitais com mais definição.
Rosângela confirmou ainda que os peritos encontraram uma fralda suja de sangue no apartamento. Segundo ela, a fralda estava dentro de um balde com muito amaciante de roupa e, por isso, não foi possível fazer exame de DNA no tecido.
A perita chegou a ser questionada pelos advogados de defesa sobre a preservação da cena do crime. "Foi um dos locais mais preservados nos meus 21 anos de experiência", teria dito ela ao juiz, de acordo com o Tribunal de Justiça.
O advogado Marco Polo Levorin quis saber porque, na reconstituição do crime, a tela da janela do quarto de onde Isabella foi jogada não foi cortada da mesma forma. Rosângela afirmou que era um detalhe desnecessário, já que a reconstituição foi feita para a produção de uma animação gráfica. Segundo ela, a tela da janela por onde a menina foi jogada foi retirada do apartamento e levada ao laboratório do IC porque este é um procedimento padrão. Além da tela, afirmou, foram levados objetos cortantes achados no apartamento.
Apesar de garantir que o local do crime foi preservado, a perita ressaltou que é impossível determinar quantas pessoas passaram pelo apartamento antes da chegada do primeiro perito.
Delegada será ouvida por juiz
O juiz Maurício Fossen também ouvirá nesta tarde a delegada Renata Pontes, responsável pelas investigações da morte de Isabella e que resultaram na responsabilização pelo crime do pai e da madrasta.
Em seu depoimento ao juiz, Anna Carolina afirmou ter sido intimidada pela delegada Renata Pontes, que teria tentado fazê-la incriminar o marido. Alexandre também reclamou do titular do 9º Distrito Policial, Calixto Calil Filho, e disse ter sido chamado de assassino pelo delegado.
No total, oito pessoas serão ouvidas. Os depoimentos começaram às 14h. Estão previstos os depoimentos de Paulo Sérgio Tieppo Alves (do Instituto Médico Legal), do perito José Antônio de Moraes, Alexandre de Luca, Paulo César Colombo e Karem Rodrigues da Silva. O nome da oitava testemunha não será divulgado para preservar a identidade dela. Outras 10 pessoas serão ouvidas na quarta-feira.
Contestar o trabalho da polícia e dos peritos é o principal argumento do casal em sua defesa. Desde o primeiro depoimento, eles dizem que não mataram Isabella e atribuem o crime a uma terceira pessoa, que teria invadido o apartamento. Eles acusam a polícia de não ter investigado esta hipótese e de, desde o primeiro momento, ter direcionado a investigação para incriminá-los.
O trabalho dos peritos, que apontaram indícios de autoria do crime contra o casal, é também contestado pelos advogados de defesa, que contrataram até peritos particulares para tentar buscar falhas e mostrar que os peritos da polícia não podem culpar o casal com os resultados dos laudos apresentados.
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