BRASÍLIA E SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao velório da ex-primeira-dama Ruth Cardoso no fim da tarde desta quarta-feira, acompanhado de sete ministros. Lula conversou demoradamente com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao lado do caixão. O ex-presidente ficou alguns instantes segurando no braço do presidente Lula. O presidente chorou e o ex-presidente também estava bem emocionado.
Parentes, amigos, autoridades e populares despedem-se nesta quarta-feira da antropóloga desde as 11h15m da manhã, na Sala São Paulo, no centro da capital paulista. O caixão foi coberto com a bandeira do Brasil. Dona Ruth morreu às 20h40m de terça-feira, aos 77 anos, quando teve um infarto fulminante, caindo na sala de seu apartamento quando conversava com o filho. ( Veja fotogaleria da trajetória de dona Ruth )
O ex-presidente Fernando Henrique chegou ao local pouco antes de 12h30m. Ficou alguns segundos ao lado do corpo e acariciou o rosto de dona Ruth. Muito emocionado, ele recebeu a solidariedade dos amigos e ficou ao lado do filho mais velho, Paulo Henrique.
Estiveram com o presidente Lula no velório os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Franklin Martins (Comunicação do governo), Fernando Haddad (Educação) Edison Lobão (Minas e Energia), Miguel Jorge (Desenvolvimento), Hélio Costa (Comunicações) e Nelson Jobim (Defesa). Já passaram pela Sala São Paulo também o ministro dos Esportes Orlando Silva, o senador Romeu Tuma (PTB-SP), o secretário das Subprefeituras de São Paulo, Andrea Matarazzo, os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o presidente do Senado, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), além de ex-ministros como Marta Suplicy e Marina Silva.
Última aparição pública de dona Ruth foi no salão
Foi na Sala São Paulo que Ruth Cardoso fez sua última aparição pública, na quinta-feira da semana passada, para uma apresentação da orquestra ao príncipe Naruhito, do Japão. Ela acompanhou a Orquestra Sinfônica ao lado do ex-presidente e do príncipe. No dia seguinte, foi internada no Hospital Sírio-Libanês, com crise de angina - dor ou desconforto no peito quando os músculos cardíacos não recebem sangue suficiente. Ela se submeteu a um cateterismo no Hospital do Rim e da Hipertensão na segunda-feira à tarde e teve alta às 21h. Os médicos descartaram a necessidade de intervenção cirúrgica. (
Veja imagens da saída do hospital em vídeo da GloboNews )
O velório vai prosseguir até as 21h, quando apenas a família permanecerá no local. O corpo de dona Ruth será sepultado no Cemitério da Consolação, no centro de São Paulo. A família retardou o enterro à espera de Beatriz Cardoso, uma de suas filhas, que estava na Alemanha e que chega nesta noite a São Paulo.
Lula decreta luto oficial de três dias
O presidente Lula decretou luto oficial de três dias e cancelou a agenda de compromissos para ir ao velório. A sessão da Câmara dos Deputados desta tarde foi suspensa. José Serra e o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, também declararam luto oficial no estado e na cidade. O governador da Paraíba, o tucano Cássio Cunha Lima,
lamentou a morte de dona Ruth e também decretou luto oficial no estado. Serra esteve no apartamento da família até de madrugada.
- Ela não era política, ela era uma militante social. Trabalhou até o fim da sua vida na Comunidade Solidária, colocando muita energia, servindo ao próximo, organizando, fazendo - declarou.
O deputado federal Paulo Renato Souza, ex-ministro da Educação e amigo de Fernando Henrique, foi um dos primeiros a chegar ao velório:
- Dona Ruth era uma pessoa ímpar, única, porque mudou a política social do país.
O ex-porta-voz do governo Lula André Singer foi se despedir de sua ex-professora.
- Para minha família, dona Ruth sempre foi uma grande amiga. Ela foi minha professora e um exemplo de dignidade, equilíbrio e preocupação com a questão social.
Também esteve no velório o empresário Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Ao chegar, Skaf diz que o país perde uma grande intelectual.
- Não tive muitos contatos com dona Ruth, mas tive os contatos suficientes para aprender com ela. Ela sempre foi uma verdadeira primeira-dama, uma intelectual que deu muitos exemplos a todos nós. Sua sensibilidade na área social, suas atividades, sua criatividade, sua intelectualidade, a sociedade brasileira perde agora, mas a vida é assim mesmo - disse Skaf.
O maestro João Carlos Martins, visivelmente abalado, saiu do velório lamentando a morte da ex-primeira- dama:
- Ela era uma mulher fantástica - diz.
Em nota , ainda na terça-feira, o presidente Lula disse ter recebido com surpresa e pesar a morte da ex-primeira-dama. O presidente lembrou de dona Ruth à frente do Comunidade Solidária e pediu que Deus conforte o ex-presidente Fernando Henrique, a quem chamou de amigo. ( Veja outros depoimentos de políticos e amigos ).
Comunidade Solidária alfabetizou 2,5 milhões de jovens pobres
Dona Ruth já carregava no peito há algum tempo dois stents - próteses metálicas posicionadas no interior de artérias coronarianas obstruídas por placas de gordura para tentar normalizar o fluxo sanguíneo.
Ela deixou três filhos (Luciana, Paulo Henrique e Beatriz) e seis netos. A antropóloga estava casada há 56 anos com o ex-presidente Fernando Henrique e se notabilizou durante a gestão do tucano ao comandar o programa Comunidade Solidária, que chegou a alfabetizar mais de 2,5 milhões de jovens pobres em todo o país . (
Confira a trajetória política de dona Ruth )
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