Ex-presidente vai a Brasília articular estratégia
para manter ministro no cargo, janta com Dilma
e marca encontro com base aliada no Congresso
"Estão testando o governo da Dilma. Quiseram me intrigar com ela e não conseguiram. Agora, se o governo entregar a cabeça do Palocci, vai cometer um grande erro", disse Lula, segundo relato de três senadores que participaram do almoço com o ex-presidente, na casa de Gleisi Hoffmann (PT-PR) e do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
Preocupado com o prolongamento da crise, Lula traçou ali a estratégia da reação, mas ouviu queixas sobre a falta de articulação política do Palácio do Planalto. Os petistas disseram a ele que, com Palocci alvejado por denúncias de multiplicação do patrimônio e suspeita de tráfico de influência, a situação só piorou. Eles reclamaram não apenas da lentidão para a montagem do segundo escalão como da ausência de argumentos para defender Palocci e o governo.
Lula mostrou-se disposto a preencher o vácuo político, mas longe dos holofotes, nos bastidores. Disse que conversaria com Dilma, Palocci e com o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio. "Essa queixa é justa e vamos melhorar o diálogo", afirmou o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
Com o argumento oficial de que vai tratar da empacada reforma política, Lula também pedirá empenho a Sarney e aos líderes da base aliada para evitar constrangimentos ao Planalto no Congresso.
"A posição do Lula é semelhante à nossa: até o momento não há acusação frontal que vá abalar nossa confiança em Palocci. E, daqui a alguns dias, o ministro enviará os esclarecimentos ao Ministério Público Federal", disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), referindo-se ao pedido da Procuradoria-Geral da República para que Palocci explique as denúncias contra ele.
De factoide a monstro. Na tentativa de obter mais subsídios para reforçar a blindagem a Palocci, a bancada do PT no Senado convidou o ministro para uma conversa, a portas fechadas. "Precisamos tratar da crise no nascedouro, antes que o factoide vire um monstro", resumiu Wellington Dias (PT-PI).
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