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quarta-feira, 16 de abril de 2008

ESTÁ NO O GLOBO: INVESTIGAÇÕES DO CASO ISABELLA

Pai e madrasta são intimados a depor na sexta, dia em que Isabella completaria seis anos
SÃO PAULO - O pai e a madrasta da menina Isabella, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, vão prestar depoimento no 9º Distrito Policial do Carandiru, zona norte de São Paulo, na próxima sexta-feira, dia 18, mesmo dia em que a menina completaria 6 anos de idade. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, eles já foram informados da convocação, mas ainda não confirmaram o horário. Há a expectativa de que Alexandre também seja ouvido frente a frente com a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, no sábado. O pai de Alexandre, o advogado Antônio Nardoni, também foi intimado.
O advogado de defesa do casal, Ricardo Martins, disse que ainda não tem informações se Alexandre e Anna Carolina serão indiciados. Ele não quis se manifestar sobre isso. Martins afirmou que ambos estão à disposição da Justiça e vão comparecer para prestar depoimento no 9º distrito policial. Até agora, 55 pessoas foram ouvidas no inquérito que apura a morte da menina.

A coincidência do primeiro depoimento de Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, sobre o que aconteceu depois da chegada ao edifício London até a morte de Isabella de Oliveira Nardoni, 5, atirada pelo sexto andar do apartamento do pai, levou a polícia a concluir que os dois combinaram o que diriam à polícia. Para os investigadores, o casal matou a menina. (leia os depoimentos de Anna Carolina e de Alexandre Nardoni ) Nesta sexta, dia 18, Isabella completaria 6 anos.

As principais divergências nos depoimentos de Nardoni e Anna Carolina são sobre fatos que ocorreram antes da chegada ao prédio. Nenhum dos dois citou em seu depoimento ter ido ao supermercado Sam's Club cinco horas antes da morte da menina. Anna Carolina afirma que, à tarde, foi com as crianças num McDonald's da Avenida Timóteo Penteado, em Guarulhos, mas não fala no supermercado. Nardoni diz que saiu de casa perto da hora do almoço e foi para a casa dos pais de Anna Carolina, em Guarulhos, mas não cita nem o McDonald' nem o supermercado, onde imagens dos dois foram gravadas pelas câmeras de segurança. Foi com base nestas imagens que foram identicadas as roupas que os dois usavam no dia do crime

Os depoimentos de Anna Carolina e Nardoni divergem em relação ao horário de chegada no edifício London. Ele afirma que chegaram entre 23h10m e 23h20m. Ela diz que eram 23h29 ou 23h30 quando seu celular vibrou e ainda faltavam alguns minutos para chegar em casa

Em seu relatório, a delegada assistente Renata Pontes ressalta que os dois não ligaram para os bombeiros para tentar salvar Isabella porque já sabiam que a menina estava morta. O casal ligou primeiro para os pais. Renata diz ainda que seria comum, diante da tragédia, que os dois tivessem dúvidas ou questionassem o crime bárbaro, o que não ocorre. Testemunhas relatam briga do casal, com muitos palavrões, e eles negam qualquer desentendimento.

Os advogados de defesa dos Nardoni dizem que qualquer conclusão é precipitada. Eles afirmam que enquanto os laudos do IC e do IML não ficarem prontos não se pode descartar a possibilidade de uma terceira pessoas ter entrado no local do crime. Nesta quarta-feira, duas testemunhas indicadas por eles depuseram no 9º distrito policial. São prestadores de serviço que trabalharam no prédio e poderiam confirmar a vulnerabilidade do edifício. A defesa entregou à polícia uma lista com 22 nomes de pessoas para serem ouvidas.

A polícia aguarda os laudos do Instituto Médico Legal (IML) e do Instituto de Criminalística (IC) para tentar fazer a reconstituição do crime. Gotas de sangue dentro do apartamento indicam que um adulto teria andado com Isabella no colo do hall interno da casa, perto da porta da cozinha, até o quarto de onde ela foi jogada. ( veja imagens do apartamento ) O sangue seria de um ferimento na testa de Isabella, provocado antes da queda, com chave ou algum objeto de ferro. Depois de receber os laudos, a polícia deverá ouvir novamente o depoimento do casal e convocar os dois para reconstituição do crime. A polícia afirma que não há qualquer indício de uma terceira pessoa ter entrado no apartamento e que Nardoni e Anna Carolina foram os únicos a estar com Isabella antes da morte dela.

Depois de receber os laudos, a polícia deverá ouvir novamente o depoimento do casal e convocar os dois para reconstituição do crime. A polícia afirma que não há qualquer indício de uma terceira pessoa ter entrado no apartamento e que Nardoni e Anna Carolina foram os únicos a estar com Isabella antes da morte dela. Os laudos devem indicar que, antes de atirada pela janela, a menina foi asfixiada e desfaleceu, ficando em estado de letargia, o que pode ter feito o casal acreditar que ela estivesse já morta. Porém, os peritos afirmam que a menina poderia ter sobrevivido se não tivesse sido atirada do sexto andar , numa altura de 20 metros.

Na manhã desta quarta-feira, Alexandre e Anna Carolina foram até a casa dos pais dela, em Guarulhos. Entraram no prédio no banco de trás do carro do pai de Alexandre, Antonio Nardoni, acompanhados por uma criança.

Na terça, o casal esteve reunido por 9 horas com os advogados na casa de Antonio Nardoni.

Investigadores concluem que casal matou Isabella; advogados da família

SÃO PAULO - A polícia de São Paulo diz ter concluído: Isabella Nardoni, de 5 anos, teria sido agredida e asfixiada pela madrasta, Anna Carolina Jatobá, antes de ser jogada do 6º andar pelo pai, Alexandre Nardoni. Com base em informações preliminares da perícia do Instituto de Criminalística (IC) e pelo Instituto Médico-Legal (IML), policiais que investigam o crime descartaram totalmente a tese de que uma terceira pessoa esteve no apartamento naquela noite, como mostra matéria publicada nesta quarta no jornal O Globo. Nesta sexta, dia 18, Isabella completaria 6 anos.

Outros dois fatos reforçam a convicção dos policiais: a pegada no lençol de uma cama do quarto de onde Isabella foi jogada é compatível com um calçado encontrado no apartamento, e fiapos da rede de proteção da janela foram encontrados na roupa que Alexandre usava , segundo revelações extra-oficiais do laudo, que deve ser apresentado à polícia até quinta-feira.
Segundo informações dos relatórios dos peritos, Isabella desmaiou ao ser sufocada. O pai pensou que a menina estivesse morta e, para responsabilizar um suposto ladrão, cortou a rede de proteção e jogou a menina pela janela. Isabella foi suspensa pelos braços e despencou com o rosto virado para a parede. Além de um corte profundo na testa, que teria sido provocado pela madrasta, a menina tinha arranhões na face.
Peritos disseram à polícia que o estado de letargia (uma espécie de sono profundo decorrente de afecção do sistema nervoso central e de difícil e prolongada recuperação) provocado por asfixia pode durar até 20 minutos. Para quem não tem conhecimento técnico, poderia parecer que Isabella, antes de ser jogada do apartamento, estivesse morta.
Reforça ainda a tese da polícia a descoberta de marcas de sangue de Isabella na bermuda de Alexandre. Os advogados de defesa contestam:
- Essa mancha de sangue na roupa do Alexandre é porque ele abraçou a filha quando a encontrou jogada no chão - disse Rogério Neres, um dos três advogados do casal.
A polícia tem dúvidas sobre se Isabella sofreu a parada respiratória antes ou depois de ser jogada de uma altura de 20 metros. Uma das hipóteses é que ela foi chacoalhada até ficar sem oxigenação por mais de cinco minutos, provocando um desmaio.
O Ministério Público é mais cauteloso quanto a responsabilizar o casal pela morte. Segundo o promotor Francisco Cembranelli, não havia, até a noite de terça-feira, documento novo que endossasse o pedido de prisão preventiva de Alexandre e Anna Carolina.
- Só podemos pedir a prisão preventiva se houver oferecimento de denúncia, e isso só acontece se tivermos convicção para isso - ponderou.
Somados ao inquérito, documentos elaborados pela perícia mostram que a posição das gotas de sangue encontradas no apartamento indicam que a garota teria sido carregada no colo por um adulto, já ferida, entre um cômodo e outro.
Advogado nega versão dos vizinhos
Nesta terça, durou mais de nove horas uma reunião dos advogados de defesa com Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni. O encontro, na casa dos pais dele, durou mais de nove horas. Na saída, Marco Polo Levorin, à frente da defesa, disse que vai aguardar a conclusão das invetigações. Ele disse que os depoimentos dos dois não são contraditórios, acrescentando que o pai de Isabela jamais citou em seu depoimento a presença de uma terceira pessoa no apartamento. Ele negou também alguma briga do casal no dia da morte da menina.
- Precisamos aguardar o término das investigações para chegar a uma avaliação global. Uma testemunha do andar superior, mais próximo ao local dos fatos, não faz menção a uma discussão entre o casal.
Testemunhas confirmam briga e contradições
Duas testemunhas consideradas chave pela polícia para esclarecer o que aconteceu no aparrtamento de Nardoni e Anna Carolina falaram ao Jornal Nacional.
A advogada Ana Ferrari e o marido Walter Rodrigues já estavam deitados, se preparando para dormir depois de um sábado de passeio com as filhas. O casal conta que jamais imaginou que logo ali, tão perto, uma tragédia estivesse prestes a acontecer. Além de chamar a atenção a proximidade do quarto do casal com o de Alexandre e Anna Carolina, há também o silêncio na região, totalmente residencial, que faz qualquer barulho ser percebido.
Na noite do assassinato de Isabella, o casal ouviu uma violenta discussão que vinha de outra janela, quase em frente: o quarto de Nardoni e Anna Carolina. Depois da discussão, as testemunhas disseram que ouviram gritos vindo de baixo, do térreo do residencial London.
- Nessas discussões aparecia uma pessoa, da voz feminina, principalmente. A voz masculina pouco se ouvia, praticamente nada. Mas a voz feminina que ficou muito marcada devido às palavras de baixo calão que pronunciava. Eram muitos palavrões. Não era uma briga típica de um casal, era uma briga de desespero -disse a advogada.
- Essa discussão foi muito rápida, foi uns 5 minutos. Logo em seguida, veio o silêncio, aproximadamente uns 10 minutos - afirmou.
- O que me chamou a atenção foi depois, quando a pessoa virou e falou assim: jogaram a Isabella do sexto andar. Assim que aconteceu isso a minha primeira reação foi levantar, pular da cama e puxar a janela. Conforme eu puxei a janela eu já vi de frente para mim a moça que ficamos sabendo que era a madrasta. Ela gritava muito, falando os mesmos palavrões que nós havíamos escutados no interior do apartamento - disse a advogada.
O casal vizinho contou que saiu de pijamas para ver o que estava acontecendo. Enquanto desciam chamaram o resgate e descobriram que outras pessoas já tinham feito a mesma coisa.
- Eu liguei para o 193 e falei que estávamos precisando de uma viatura de emergência dizendo que tinha caído uma criança do sexto andar. Ela falou, senhor, a criança não caiu, ela foi jogada. Aí, você já começa a entrar em desespero, querendo chegar rápido até o local - disse Rodrigues.
De fato, o casal foi um dos primeiros a chegar ao prédio de Isabella. O portão estava aberto. - Quando nós entramos no prédio, eu já cruzei o hall de entrada eu já vi o corpo da menina estendido no chão - afirmou a advogada. - E ao se aproximar dela eu já vi que os olhos dela estavam estalados, abertos, arregalados, a boquinha entreaberta, manchada de sangue, e praticamente desfalecida no chão. Ela tinha um cortezinho na testa, mas não transparecia que estava sangrando, parecia que estava limpo. Na hora em que eu iria tocar para verificar a pulsação de Isabella eu virei e dei atenção ao pai que saia do saguão do prédio. Ele olhou para mim e disse tinha uma pessoa armada no apartamento dele, no sexto andar, e que o cara tinha jogado a filha dele. Ele disse que viu o cara jogando a filha dele - disse Rodrigues. (Clique e saiba o que mais o casal viu naquele dia)
Vizinhos relatam brigas do casal
O retrato que vizinhos do casal fazem não coincide com o que diz a família e é diferente também do depoimento que Nardoni e Anna Carolina deram à polícia na noite do crime. A versão de um casamento estável, de um casal com discussões normais, é contestada por testemunhas. Vizinhos do prédio onde o casal morava antes de se mudar para o Edifício London, onde Isabella caiu, relatam brigas violentas entre os dois, principalmente nos finais de semana, quando Isabella ficava com o pai e a madrasta. A menina costumava ficar com o casal de sexta-feira até a noite de domingo, a cada 15 dias. ( Clique aqui para saber as versões que a madrasta e o pai da menina contaram à polícia ).
Madrasta teve depressão pós-parto
Anna Carolina Jatobá teve depressão pós-parto após o nascimento do segundo filho, de 10 meses, e pode não ter tomado os medicamentos receitados pelo médico. Uma moradora do edifício London, que também tem um filho pequeno, afirmou que conversou com Anna Carolina e ela contou que teve um filho seguido do outro e que sofreu de depressão pós-parto. Em seu depoimento, Alexandre Nardoni afirmou que tinha uma receita médica em casa, de dois remédios prescritos para a mulher. Segundo ele, a família só comprou um dos remédios, um calmante. Ele disse ainda que a mulher não conseguia dormir à noite, por causa do choro do filho menor. Anna Carolina confirmou que comprou o remédio, mas diz que nem chegou a tomar o medicamento.
Novo habeas corpus
Um segundo pedido de habeas corpus a favor do casal deu entrada no Tribunal de Justiça de São Paulo nesta segunda-feira. O TJ confirmou a entrada, mas não deu detalhes do conteúdo. Há informações de que o pedido seria um habeas corpus contra um possível pedido de prisão preventiva. O primeiro habeas corpus concedido pelo TJ foi para prisão temporária. Ao libertar o casal, o desembargador Canguçu de Almeida, de 68 anos, argumentou que não havia até aquele momento provas contra o casal e que "prisão é um mal a ser evitado a qualquer custo ". Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, ele afirmou, porém, que fatos novos que surgirem na investigação podem "justificar nova prisão".
- O que há até agora são simples suspeitas. A polícia está focada no casal, mas até agora não se tem um dado concreto que diga que eles mataram a filha Isabella - disse o desembargador.
Ferimento com chave ou ferro
Um relatório preliminar escrito pela delegada Renata Pontes, que investiga o caso, diz que a polícia tem certeza que a morte da menina foi um crime. Segundo o relatório, Alexandre a Anna Carolina foram as únicas pessoas que, certamente, tiveram acesso às vítimas antes dos fatos. A delegada escreveu que o ferimento que Isabella apresentava na testa aconteceu antes da queda, e pode ter sido feito com a ponta da chave de um carro ou de um ferro.
De acordo com os peritos, a marca deixada pela sola de um calçado num lençol do quarto de onde Isabella foi jogada é compatível com um calçado encontrado na casa. Na calça jeans dela foram achados vestígios de sangue , apesar de ter sido lavada. A blusa que ela usava no dia do crime também foi lavada, o que, segundo o Instituto de Criminalística, prejudica a investigação .
O casal cita horas diferentes para a chegada no apartamento no dia do crime. Alexandre Nardoni fala que chegaram entre 23h10 e 23h20. Anna Carolina diz que seu celular vibrou no caminho para casa e que eram 23h29 ou 23h30 e ainda faltavam alguns minutos para chegar ao prédio.

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