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sexta-feira, 11 de abril de 2008

ESTÁ NO JORNAL O GLOBO - O CASO DA MORTE ISABELLA

TJ concede habeas corpus e pai e madrasta de Isabella deixam a prisão
SÃO PAULO - Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, vão aguardar em liberdade as investigações sobre a morte de Isabella de Oliveira Nardoni, 5, atirada pela janela do apartamento do casal, no último dia 29. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) considerou a prisão temporária irregular , já que não há provas contra o casal, que é investigado pela morte da menina.
O promotor Francisco Cembranelli, que acompanha o inquérito, afirmou que a liberdade de ambos compromete a investigação. Ele disse que informações preliminares dos laudos já permitem vincular o casal às agressões sofridas por Isabella, antes de ser jogada do prédio, e ao que aconteceu na cena do crime.
Alexandre deixou às 14h34m o 77º Distrito Policial, em Santa Cecília, num camburão da polícia , que seguiu pela contramão na Alameda Glete. Ele saiu pela porta lateral da delegacia, com o rosto coberto, vestindo jaqueta preta. As ruas próximas foram bloqueadas para saída do comboio. (veja vídeo no G1 ) Anna Carolina Jatobá deixou o 89º DP quase uma hora depois, às 15h23m, com blusa listrada e sem esconder o rosto, pela porta principal, escoltada por policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE) . Poucas pessoas se aglomeravam no local para ver a saída da madrasta de Isabella, algumas a xingaram de assassina.
- Eu não sou assassina. Agradeço a Deus por estar solta - disse ela a jornalistas na saída da delegacia.
Os dois estão sendo submetidos a exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), de onde poderão sair em carro particular.
A decisão de colocar os dois em liberdade foi tomada pelo desembargador Caio Canguçu de Almeida, da 4ª Vara Criminal do TJ. Nela, ele afirma que o casal foi submetido a constrangimento ilegal, uma vez que não foram apresentadas provas contra qualquer um dos dois até o momento em que redigiu seu despacho.
Na argumentação, Canguçu de Almeida afirma que a "prisão é um mal a ser evitado a todo custo". Ao afirmar que o crime é inquietante, ele se pergunta se a morte de Isabella decorreu do "desamor exagerado" dos tempos atuais ou se o pai e a madrasta estão sendo vítimas de "imprevisíveis e inevitáveis" coincidências.
Será que o desamor exagerado desses estranhos tempos que correm terá chegado a um extremo tal que pudesse levar um pai, ou sua companheira, a tão cruelmente eliminar uma graciosa filha de apenas cinco anos e que, certamente, muito os terá amado? Ou será que o estrepitoso evento terá levado às agruras da suspeita e da investigação alguém que as coincidências, algumas vezes imprevisíveis e inevitáveis, do destino, fizeram, em algum momento parecer autor de crime que, quiçá, não deva ser levado à sua conta?", afirma em seu despacho. E o desembargador conclui o raciocínio apelando a Deus para que este crime não se junte a outros onde a Justiça concreta não pôde ser feita. (leia a íntegra da decisão)
- É muita irresponsabilidade que esta decisão não agrade as pessoas. O Estado direito existe para que possa ser avaliado - afirmou o advogado Marco Polo Levorin, advogado de defesa do casal.
Segundo Levorin, o casal será levado a local seguro, para que a integridade física seja garantida. De acordo com funcionários do 89º Distrito Policial (Morumbi), Anna Carolina ficou sabendo da decisão pela tevê existente na delegacia e, emocionada, chorou. Outro advogado do casal, Ricardo Martins, disse que o TJ decidiu pela liberdade porque houve um julgamento antecipado do casal. - É uma grande vitória. Entendemos que agora está sendo feita a Justiça. Estamos no caminho certo - disse. A polícia diz que já tem 99% da morte de Isabella reconstituída e aguarda apenas laudos do Instituto de Criminalística para terminar o inquérito. Polícia confirma sangue em calça jeans de madrasta
A polícia confirmou que foi encontrado sangue na calça jeans de Anna Carolina Trotta Jatobá, 24 anos, usada no dia da morte de Isabella de Oliveira Nardoni, 5. O delegado Calixto Calil Filho, titular do 9º Distrito Policial (Carandiru) aguarda os laudos do Instituto de Criminalística (IC) para confirmar se o sangue encontrado é da menina ou não. Depois que Isabella caiu no térreo do prédio, segundo testemunhas, Anna Carolina não tocou no corpo da menina.
As roupas usadas por Anna Carolina e pelo pai de Isabella, Alexandre Nardoni, só foram entregues à polícia na noite de terça-feira, depois de levadas. A polícia diz que solicitou as peças logo no início das investigações. Apenas nesta quinta-feira a polícia soube que uma blusa e um par de sapatos usados no dia do crime por Anna Carolina tinham sido levados, numa mala, para a carceragem do 89º Distrito Policial (Portal do Morumbi), onde ela cumpre prisão temporária desde a quinta-feira da semana passada. A blusa e os sapatos foram entregues à delegada Renata Maria Pontes, assistente do 9º DP. Depois do depoimento, Anna Carolina passou a tarde deitada, chorando e lendo a bíblia na cela.
Testemunhas dizem ter ouvido frase que complica pai
Duas novas testemunhas disseram ter ouvido da irmã de Alexandre Nardoni, Cristiane Nardoni, 20, na noite do crime, uma frase que complicaria a situação do irmão. A frase seria "Meu irmão fez uma besteira", segundo a polícia, que não divulgou o oficialmente o conteúdo completo da frase. Cristiane diz que estava no bar Engenho da Vila, no Mandaqui. Nesta quinta, a polícia considerou essas testemunhas como "chaves" para a solução do caso e pediu a quebra do sigilo telefônico de Cristiane. Ela também será convocada a depor
Cristiane nega ter dito qualquer coisa que comprometa o irmão - Duvido que, com aquele barulho, alguma pessoa ouviria alguma coisa - disse ela ao Diário de S.Paulo.
Alexandre Nardoni não chamou resgate, ligou para o pai
A quebra do sigilo telefônico de Alexandre e Anna Carolina mostrou que o casal ligou primeiro para os pais e não teria ligado para o resgate ou para a polícia. O porteiro do Edifício London, Valdomiro da Silva Veloso, também contradiz a versão do pai da menina, que teria dito à polícia que pediu a um morador do primeiro andar para chamar o resgate, via centro de comunicação da Polícia Militar. Segundo o funcionário do prédio, esse mesmo morador foi avisado por ele mesmo. A ligação do morador do primeiro andar foi feita exatamente às 23h49m59s. Por telefone, o porteiro explicou ao "Jornal da Globo" porque pediu a ajuda.
- Eu não tinha telefone e pedi para ele ligar para o resgate socorrer - afirma o porteiro, explicando que este morador, que estava com a tevê ligada, foi o primeiro a se mudar para o prédio e pertence ao conselho do condomínio.
O porteiro diz que Nardoni chegou até o corpo da menina depois de uns dois ou três minutos que ele próprio foi até a criança para ver se ela estava viva ou não. Enquanto o telefonema do morador para a polícia estava em curso, no apartamento dos Nardoni alguém ligou para o pai de Anna Carolina, Alexandre Jatobá, às 23h50m32s. O telefonema dura 32 segundos e praticamente na seqüência, começa outra ligação, também curta, desta vez para o pai de Alexandre, às 23h51m09s. Às 23h51m20s termina o telefonema do vizinho para a polícia. Dezoito segundos depois, é encerrada a ligação para o pai de Alexandre.
- Logo após o fato, uma testemunha ligou para o resgate, então isso já é suficiente né? - disse o advogado do casal, Marco Pólo Levorin, afirmando que o morador teria feito o telefonema depois que Alexandre começou a pedir ajuda.
Depois da conversa com o porteiro do edifício London, a produção do Jornal da Globo tentou ouvir novamente o advogado de Alexandre e Anna Carolina, mas ele não foi encontrado.
A polícia informou nesta quinta que 99% do caso foi reconstituído e aguarda laudos da perícia para encerrar o inquérito.
Sinais de asfixia e esganadura Na parede do prédio foram detectadas pelos peritos marcas da mão de Isabella. Segundo eles, a menina foi jogada de cabeça para baixo. Ela tinha ainda ferimentos na testa e um dos pulsos foi quebrado. Estes ferimentos, segundo os peritos, podem ter sido provocados antes da queda. No corpo da criança havia ainda manchas no pescoço e na nuca e sinais típicos de asfixia. Quando foi jogada, Isabella estaria desmaiada.
Peritos disseram à polícia que o estado de letargia (uma espécie de sono profundo decorrente de afecção do sistema nervoso central e de difícil e prolongada recuperação) provocado por asfixia pode durar até 20 minutos. Para quem não tem conhecimento técnico, poderia parecer que Isabella, antes de ser jogada do apartamento, estivesse morta.
O Instituto de Criminalística (IC) revela que o buraco na tela foi feito por dois instrumentos: uma tesoura e uma faca, já apreendidas. Para policiais envolvidos na investigação, isso pode demonstrar que houve pressa para se desfazer do corpo.
Antes de chegar ao gramado do edifício London, Isabella bateu no parapeito e também com as costas em um arbusto. Segundo o IC, há marcas de sangue na fachada do prédio, abaixo do parapeito do sexto andar, como se as mãos da menina, soltas, arrastassem na parede.
Promotor diz que laudos permitem vincular pai e madrasta com agressões sofridas por Isabella
Wagner Gomes, O Globo Online
SÃO PAULO - O promotor Francisco Cembranelli, que acompanha as investigações sobre a morte da menina Isabella Nardoni, de 5 anos, disse nesta sexta-feira que informações preliminares dos laudos do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico Legal (IML) permitem vincular o casal Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá às agressões sofridas pela menina antes de ser jogada do sexto andar. Segundo o promotor, os laudos também permitem vincular pai e madrasta com o que ocorreu na cena do crime.
O casal foi libertado nesta sexta-feira depois que a Justiça concedeu liminar ao pedido de habeas corpus feito pelos advogados de defesa. Além disso, o promotor afirmou que o depoimento de testemunhas desmente a versão apresentada pelo casal. Alexandre Nardoni contou à polícia que uma terceira pessoa, provavelmente um bandido, teria entrado no apartamento e jogado a criança, enquanto ele descia para buscar a mulher e os dois filhos menores.
- Testemunhas confirmam que dez minutos antes de tudo ocorrer deu-se uma ferrenha discussão entre o casal, inclusive com palavrões. A voz de Ana Carolina Jatobá foi reconhecida por uma testemunha como tendo participado dessa discussão. A testemunha ouviu a discussão e depois ouviu a voz de AnaCarolina quando ela falava ao celular ao lado do corpo de Isabella quando a madrasta falava ao celular - explicou o promotor.
O promotor afirmou que a libertação de Alexandre e Ana Carolina compromete as investigações. Francisco Cembranelli disse que as investigações ficam prejudicadas pelos mesmos motivos que o levaram a concordar com a prisão temporária de ambos: possibilidade de coagir testemunhas que ainda estão sendo ouvidas e acesso ao local onde o crime foi cometido.
O promotor disse respeitar a decisão do desembargador Caio Canguçu, que concedeu liminar ao pedido de habeas corpus dos advogados de defesa, mas ele pensa que o pai e a madrasta de Isabella deveriam continuar detidos até o final da investigação.
- Prejudica o ritmo das investigações, mas não muda o meu propósito de esclarecer quem matou Isabella - disse Cembranelli.

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