Reação da defesa leva polícia a suspender divulgação dos laudos sobre morte de Isabella
SÃO PAULO - A intenção dos advogados de defesa de Alexandre Nardoni, 29, e de Anna Carolina Jatobá, 24, de recorrer à Corregedoria da Polícia Civil contra a condução do inquérito que investiga a morte de Isabella Nardoni levou a polícia a suspender a divulgação dos laudos do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico Legal (IML), marcada para esta terça-feira.
O delegado Aldo Galeano, do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap) explicou que apenas nesta terça os laudos estão sendo anexados ao inquérito e que os advogados de defesa deverão ter acesso a eles antes de serem divulgados à imprensa.
A polícia quer evitar um confronto com os advogados de defesa do casal.
- Chegou um momento em que a defesa parte para um confronto. E nós agimos eticamente. Não achamos prudente um confronto. Não é salutar para a defesa, não é salutar para a polícia - disse Galeano, acrescentando que o trabalho da polícia é tecnico e responsável.
- A cautela é a melhor arma da polícia - afirmou.
Galeano admitiu que os depoimentos de Alexandre Nardoni e de Anna Carolina Jatobá, tomados na sexta-feira, foram feitos com base em visitas dos delegados ao local do crime e conversas com os peritos, ainda sem os laudos. Segundo ele, a partir de agora os laudos estarão anexados ao processo para que a defesa possa consultá-los.
O delegado explicou que faltam ainda ser ouvidas quatro pessoas importantes para o andamento do inquérito - dois deles são Cristiane Nardoni e Antonio Nardoni, tia e avô paterno de Isabella, que tiveram o depoimento adiado para esta quarta-feira. Os outros dois são moradores do edifício London, de onde Isabella foi jogada.
" A cautela é a melhor arma da polícia "
Galeano confirmou que será feita uma reconstituição do crime antes de o inquérito ser concluído e encaminhado para o Ministério Público, que terá então cinco dias para formalizar à Justiça denúncia contra o casal. A reconstituição e o encerramento do inquérito podem ser feitos ainda esta semana.
A confusão gerou o adiamento também dos depoimentos do advogado Antonio Nardoni e Cristiane Nardoni, avô paterno e tia de Isabella. Os dois seriam ouvidos nesta terça. Como os depoimentos estavam marcados para a mesma hora de divulgação dos laudos, acabaram sendo remarcados para esta quarta-feira, às 16h30.
Galeano negou que Anna Carolina tenha sido agredida durante os oito dias em que ficou presa. Além de ter feito exame de corpo de delito, a madrasta de Isabella chegou a elogiar as presas, que lhe ofereceram bolo.
- Por cautela, ela ficou em cela isolada, mas poderia ter ficado em cela conjunta, assumindo o ônus do sistema carcerário. Avô e tia de Isabella depõem nesta quarta
O advogado Antonio Nardoni, que tem saído em defesa do filho e da nora, Anna Carolina Jatobá,deverá falar sobre os contatos que fez com Alexandre Nardoni na noite do crime. O advogado questiona a investigação da polícia. O casal estava na casa do pai de Anna Carolina e de lá teria seguido direto para o apartamento na Vila Mazzei, de onde Isabella foi jogada pela janela.
A polícia não descarta a possibilidade de Antonio Nardoni ter falado com o filho antes de Isabella ter sido jogada pela janela.
Tanto o pai quanto a irmã de Alexandre defendem o casal e afirmam que Alexandre e Anna Carolina não cometeram o crime. Antonio Nardoni desmentiu também os vizinhos do casal, que prestaram depoimento na condição de testemunhas, e disseram que os dois brigaram na noite do crime.
- Não houve briga, tenho certeza - disse Nardoni.
Cristiani Nardoni afirmou que seu irmão nunca bateu na Isabella e tampouco Anna Carolina faria isso.
- Tenho certeza que isso não aconteceu. Temos certeza que outra pessoa fez isso, uma pessoa cruel.
A irmã de Alexandre deverá falar à polícia sobre o telefonema que recebeu do pai na noite do crime. Dois funcionários de uma casa noturna procuraram a polícia para dizer que Cristiane recebeu um telefonema e, antes de sair chorando, teria dito algo como "meu irmão fez uma besteira". A jovem negou que tivesse dito qualquer frase que possa comprometer o irmão e afirmou que havia muito barulho no bar e que duvida que alguém pudesse ter escutado algo. Ela teve o sigilo telefônico quebrado pela Justiça.
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