IC descarta presença de terceira pessoa no apartamento onde
Isabella foi morta
SÃO PAULO - O trabalho do Instituto de Criminalística (IC) concluiu que não tinha no apartamento mais ninguém além do casal Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, no momento em que Isabella de Oliveira Nardoni, 5, foi morta e atirada do apartamento do pai, no sexto andar do edifício London, na Vila Mazzei. De acordo com o Instituto Médico Legal (IML), o rosto de Isabella foi limpo com uma fralda e com uma toalha antes de ela ser jogada pela janela. A fralda e a toalha de rosto ficaram com marca de sangue e foi constatado que o sangue era de Isabella. A marca de solado de sapato num lençol no quarto de onde Isabella foi jogada é, segundo os peritos, de Alexandre Nardoni
O casal foi convocado para prestar depoimento e pode ser indiciado nesta sexta-feira, dia em que Isabella completaria 6 anos. Até agora, o casal é investigado e não há qualquer acusação formal contra os dois. Um taxista depôs e reforçou a tese da polícia de que a menina gerava desentendimento na família. Anna Carolina teria dito a ele que quando Isabella passava o fim de semana com eles o 'clima acabava'
Descartada a presença de uma terceira pessoa
A polícia descartou a presença de uma terceira pessoa no apartamento depois de utilizar um equipamento chamado 'crime scope', que serve para varredura em busca de vestígios que não são visíveis a olho nu. Os advogados do casal pediram à Justiça que busquem mais provas e mantêm a tese de que alguém entrou no apartamento de Nardoni, agrediu e jogou a menina pela janela
Em seu depoimento à polícia, Ana Carolina Cunha de Oliveira, 24, mãe de Isabella, relatou momentos de agressividade de Alexandre Nardoni e de desequilíbrio de Anna Carolina Jatobá. Ela disse suspeitar do pai e da madrasta da menina .
Nesta quinta, o pai de Alexandre, Antonio Nardoni, afirmou que Ana Carolina exagerou no depoimento à polícia e que continua a ter absoluta certeza que o filho e a nora não mataram Isabella. A mãe de Alexandre depôs por três horas nesta quinta no 9º Distrito Policial, já que Ana Carolina disse ter ouvido dela o relato de agressão às crianças.
- Acho que é o depoimento de uma pessoa num momento muito ruim, que acabou de perder a filha. Talvez ela tenha exagerado em alguma coisa...É um relato incoerente. Na mídia, por exemplo, ela diz outra coisa, que os dois tratavam a menina muito bem, nunca a machucaram - disse Antonio Nardoni.
Agressividade e descontrole
A bancária Ana Carolina Cunha de Oliveira disse em seu depoimento suspeitar do envolvimento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá no crime. Ela relatou acessos de fúria do ex-namorado e cenas de desequilíbrio emocional de Anna Carolina Jatobá. Citou ainda um episódio em que o filho mais velho do casal, Pietro, hoje com 3 anos, é jogado ao chão pelo pai.
O depoimento à delegada Renata Pontes, assistente do 9º distrito policial, no Carandiru, termina assim: "Na sua concepção, acredita que Alexandre e Anna Carolina possam estar de alguma forma diretamente envolvidos no que aconteceu".
A mãe de Isabella disse que a filha, em várias vezes em que voltava de visita à casa do pai, apresentava pequenas manchas roxas no corpo. A menina dizia que os ferimentos resultavam de mordidas e beliscões desferidos pelo meio-irmão Pietro.
Uma das agressões do meio-irmão contra Isabella deixou Alexandre furioso: ele teria erguido o menino a certa altura e o soltou no ar, deixando que caísse no chão. A mãe de Isabella disse que o episódio lhe foi narrado pela mãe de Alexandre. (leia também: Mãe de Isabella volta ao trabalho e a amigos dizem que família não fala por medo
Ana Carolina de Oliveira recordou ainda uma festa em que Alexandre se descontrolou depois de uma brincadeira de um parente dela. Ofendido, Alexandre saiu da festa e voltou transtornado, sem camisa e chamando todas as pessoas para brigar.
A bancária contou que, numa das vezes em que Isabella foi visitar o pai, ela telefonou para falar com a filha e foi atendida por Alexandre. Depois soube, pela mãe dele, que Anna Jatobá, com muito ciúme, ficou alterada. Jogou Pietro - à época bebê - na cama. Em seguida, investiu contra Alexandre, agredindo fisicamente o marido
Veja a íntegra do depoimento da mãe de Isabella Nardoni
'Comparece nesta Unidade Policial a declarante, informando que conheceu Alexandre Alves Nardoni, em dezembro de 1999, com o qual iniciou um namoro de três anos e seis meses, do qual resultou o nascimento da filha Isabella de Oliveira Nardoni, em 2002; que, antes do nascimento de Isabella, ficaram separados por dois meses, sendo que o principal motivo foram suspeitas de traições por parte de Alexandre, e que, após tal período, reataram e, em julho de 2001, engravidou de Isabella; que, durante a gestação, a declarante estava namorando com Alexandre, quando ele ingressou na Faculdade de Direito, oportunidade em que mencionou que tinha amigas de faculdade Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá e outra cujo nome a declarante não lembra; que, Anna passou a ser presença constante na vida de Alexandre, mas tudo correu normalmente até o nascimento de Isabella em 18 de abril de 2002; que, após o nascimento da filha, continuaram o namoro por onze meses, separando-se no início de 2003; que, teve a certeza e convicção de que havia uma traição por parte de Alexandre e o namoro foi rompido; que, a declarante gostaria de deixar consignado que em uma festa ocorrida na casa de familiares dela, por motivos de somenos importância, Alexandre ficou ofendido com uma brincadeira feita a ele por um parente da declarante, sendo que Alexandre deixou o local e retornou mais tarde, já completamente transtornado, sem camisa, desejando brigar com todos; que, na época da separação definitiva, não foi discutido pensão alimentícia para a menina; que, Alexandre fazia visitas regulares à filha; que, após um ano e alguns meses, a declarante veio a saber por intermédio dos pais de Alexandre que o mesmo já estaria tendo um namoro sério com uma pessoa cujo nome desconhecia; que, Isabella tinha um ano e quatro meses, matriculou a mesma na escola, Alexandre não queria que ela fosse à escola e, quando soube, achando que a idéia era da mãe da declarante, ele foi até a casa dela para discutir com a sua mãe; que não estava em casa, e, quando chegou, ele estava na porta; que, Alexandre estava transtornado, dizendo que ia resolver isso, ele estava de moto, saiu por alguns instantes e retornou, dizendo que estava armado e que iria matar sua genitora; que, a declarante registrou um Boletim de Ocorrência sobre os fatos no 39 Distrito Policial - Vila Gustavo; que, Isabella permaneceu na escola; que, concordou nas férias que Isabella fosse passar cerca de uma semana no Guarujá com o pai, Anna Carolina e do filho do casal; que, Anna Carolina e Alexandre, antes da viagem, foram até a casa da declarante, ocasião em que a esposa de Alexandre quis que a declarante comentasse algo sobre o passado dela com Alexandre; que, durante a conversa, Anna Carolina demonstrava desequilíbrio, alterando a voz e, por momentos, chorava, que Alexandre a segurava pela cintura; que, a declarante pediu para que diminuísse o tom de voz, dizendo que se quisesse estariam juntos; que sua filha seguiu viagem e quando lá chegaram, recebeu um telefonema da irmã de Alexandre, Cristiane, proferindo à declarante palavras de baixo calão, dizendo que Anna Carolina, ao chegar lá, relatou que a declarante havia falado mal da família dele; que, pegou seu carro e foi até o Guarujá pegar sua filha. Que, lá chegando, foi atendida pela mãe de Alexandre; que, a irmã de Alexandre apareceu e houve uma conversa no local e aparentemente ficou tudo bem; que, foi procurada por Anna Carolina através de seu MSN; que, percebia que Anna Carolina queria aprofundar detalhes de sua relação com Alexandre, mas sempre desconversou; que, a declarante percebeu que a intenção da esposa de Alexandre seria criar um quadro negativo da imagem da declarante para depreciá-la junto à família dele; que, aproximadamente em 2004, a declarante ingressou uma Ação de Alimentos contra Alexandre e que houve por ele uma contestação dos valores, que acabou sendo regularizado; que, quer salientar que nunca houve a falta de pagamento da pensão; que, soube que no ano de 2005, acerca do nascimento do primeiro filho de Alexandre e depois de dois anos, já em 2007, soube do nascimento do segundo filho de nome Kauã; que, até este período não se lembra de nenhum entrevero entre ela e Alexandre; que, entretanto, em uma oportunidade, sua filha foi visitar o pai e ligou para a casa dele para conversar com Isabella; que, quem atendeu o telefone foi Alexandre e, em seguida, passou para a filha Isabella atender; que, após ter conversado com a menina, desligou; que, no decorrer daquela semana soube por intermédio da mãe de Alexandre, via fone, de que, após o telefonema acima mencionado, Anna Carolina teria se alterado em razão do telefonema da declarante à filha, por ciúmes, e que, na ocasião, estaria com o filho no colo, e teria jogado este sobre a cama, passando a agredir Alexandre; que, depois de tomar conhecimento desse evento, indagou a Isabella sobre os fatos, e esta relatou que pegou irmão no colo, que estava chorando; que, os pais de Alexandre foram chamados para apartar ou apaziguar os ânimos; que, todo e qualquer assunto que a mesma tivesse que tratar com Alexandre, este sempre recorria ao pai para solucioná-los, e então, por imposição de Alexandre, que se recusava a falar com a declarante, esta passou a tratar dos assuntos relacionados à filha com o pai dele; que, era evidente que todas as brigas de Anna Carolina com Alexandre eram por ciúmes exacerbado da declarante; que, nas visitas regulares de Isabella na casa do pai, a criança nunca relatou algum fato negativo; que, Isabella, após chegar das visitas feitas ao pai, por vezes apresentava mordidas e ela mencionava que o irmão Pietro lhe mordia e lhe dava beliscões; que, em uma oportunidade a mãe de Alexandre comentou com a declarante que o neto Pietro havia beliscado Isabella e o pai Alexandre teria ficado irritado com o menino, ergueu o filho a uma certa altura e o soltou no ar, caindo no chão; que, na quinta-feira dia 27 de março, Alexandre e Anna Carolina estiveram na casa da declarante por volta das 21h30, para retirar o filho Pietro, que brincava com Isabella na casa da declarante; que, na sexta-feira, Isabella pediu para que a declarante ligasse para Anna Carolina para passar o final de semana com o pai; que, então ligou para Anna e esta, próximo à hora do almoço, apanhou Isabella em sua residência; que, naquele dia à noite, conversou com Isabella, por volta das 17h30 ou 18h, e perguntou se a mesma estava bem; que, ela lhe respondeu que sim; que, no sábado ligou no celular de Anna Carolina e não foi atendida, não sabendo dizer para onde teriam ido no sábado à noite; que, por volta das 23h55, a declarante recebeu a ligação de Anna Carolina pelo celular, alteradíssima, gritando que Isabella havia caído, na Rua Santa Leocádia, explicando superficialmente o que havia ocorrido; que, mencionava que haviam jogado ela; que, a declarante respondia-lhe para fazer respiração boca-a-boca; que, a declarante estava próxima ao local e em instantes ali chegou e deparou-se com sua filha estendida no chão; que, acreditava que a filha estava viva, pois sentiu seu coração batendo; que, percebia à sua volta que Alexandre gritava que havia ladrão lá dentro, para que pegassem ele; que, Anna Carolina gritava descontrolada e proferia palavras de baixo calão uma atrás da outra; que, houve um momento que mandou ela calar a boca, pois não agüentava mais aquela gritaria por parte de Anna; que, neste momento, ele xingou a declarante, dizendo que estava fazendo tudo aquilo para a filha dela; que, a declarante não chegou a entrar no apartamento de Alexandre e que nunca esteve neste local; que, a declarante não soube dos fatos por Alexandre e nem por parente algum; que, no velório, ouviu a mãe de Alexandre mencionar que o filho não tinha culpa e que teriam que matar o bandido que praticou o crime; que, a declarante gostaria de enfatizar que, durante o velório, em um único contato que teve com Anna Carolina, recebeu dela um abraço inexpressivo, acompanhado da seguinte frase: "você nem ligou para a menina no sábado", percebendo a declarante uma frieza incomum e que Alexandre e Anna Carolina possam estar de alguma forma diretamente envolvidos no que aconteceu. Nada mais disse nem lhe foi perguntado'.
Pai e madrasta combinaram depoimento, diz polícia
A coincidência do primeiro depoimento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá sobre o que aconteceu depois da chegada ao edifício London até a morte de Isabella de Oliveira Nardoni, 5, atirada pelo sexto andar do apartamento do pai, levou a polícia a concluir que os dois combinaram o que diriam à polícia . Para os investigadores, o casal matou a menina. (leia os depoimentos de Anna Carolina e de Alexandre Nardoni ).
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