O mundo se rendeu aos pés da Fúria. Em jogo dramático, violento e decidido apenas na prorrogação, os espanhóis passaram pela Holanda por 1 a 0 (gol de Iniesta), no Soccer City, em Johannesburgo, e faturaram o título da Copa do Mundo da África do Sul - o primeiro na história da Espanha, que tinha até então como melhor resultado um quarto lugar na Copa do Brasil, em 1950.
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A conquista da Espanha, conforme previsão do polvo Paul, não foi fácil. Apesar de ter o pior ataque na história de todos os campeões (apenas 8 gols), os espanhóis apresentaram um futebol de conjunto, com toque de passes, e tiveram de superar a violência holandesa para conquistar a taça. Os holandeses pela terceira vez amargaram um vice - perderam também em 1974 e 1978. Além do Brasil, a Espanha se tornou a primeira seleção a conquistar um título Mundial longe de seu continente. A taça na África do Sul fez o país escrever seu nome na seleta galeria de campeões, que conta com Brasil (cinco), Itália (quatro), Alemanha (três), Uruguai (dois), Argentina (dois), França (um) e Inglaterra (um).
O título da Espanha, atual campeã da Eurocopa, também colocou um ponto final no incômodo apelido de amarelão. No começo da campanha na África do Sul, a Fúria foi derrotada pela Suíça por 1 a 0. O tropeço, no entanto, serviu para o grupo "diminuir o salto alto". Antes de pegar a Holanda, a Espanha venceu Honduras, Chile, Portugal, Paraguai, Alemanha.
O conjunto espanhol é formado por grandes jogadores. O goleiro e capitão Casillas passou segurança - está há mais de 430 minutos sem sofre gol. Piqué e Puyol se entrosaram na zaga. Xavi Alonso e Xavi comandaram o meio-campo. E David Villa foi uma fera no ataque - marcou cinco gols e foi artilheiro do Mundial ao lado de Sneijder (HOL), Forlán (URU) e Muller (ALE).
Uma maquininha. Na partida contra a Holanda, o técnico Vicente Del Bosque decidiu deixar o atacante Fernando Torres mais uma vez no banco. Em má fase, a estrela entrou apenas na prorrogação. A Holanda utilizou a mesma estratégia do duelo contra o Brasil, de jogar na defesa e tentar os contra-ataques na velocidade de Robben, Sneijder e Van Persie.
O começo foi favorável à Espanha, que criou duas boas oportunidades. Aos 5 minutos, Xavi cobrou falta pela direita e Sergio Ramos cabeceou com força. Stekelenburg fez ótima defesa e Piqué não conseguiu encontrar ângulo para mandar o rebote para as redes. Seis minutos depois, Villa pegou de primeira após cobrança de escanteio e balançou as redes pelo lado de fora.
Apesar de ter mais técnica e maior controle da posse de bola, a Espanha encontrou sérios problemas diante da violência holandesa. O árbitro inglês Howard Webb foi conivente com as faltas e deixou de aplicar o cartão vermelho. Aos 27 minutos, por exemplo, De Jong deu uma entrada criminosa ao acertar o pé no peito de Xabi Alonso. Apenas o amarelo foi mostrado.
Irritada com as faltas, a Espanha parou de criar oportunidades de gol no final do primeiro tempo. Porém, a defesa esteve bem colocada e não tomou muitos sustos. A melhor oportunidade de gol da Holanda na etapa inicial foi aos 33 minutos. Numa falha espanhola - após recuo errado -, Casillas quase acabou surpreendido, mas conseguiu dar um toque salvador.
O treinador espanhol preferiu não fazer modificações para o retorno no segundo tempo. A Espanha voltou a criar e desperdiçou uma grande chance aos 3 minutos. Em cobrança de escanteio, o zagueiro Puyol desviou de cabeça. A bola caiu livre para Capdevila. Mas o lateral-esquerdo furou grotescamente...
Os jogadores da Holanda também não economizaram nas pancadas no segundo tempo. A Espanha voltou a ficar nervosa e quase foi surpreendida aos 17 minutos. Em ótima jogada, Sneijder fez grande passe. Piqué não conseguiu fazer o corte e Robben saiu na cara do gol. O holandês arrematou e Casillas salvou com a ponta da chuteira.
Após o susto, Del Bosque colocou Navas no ataque na vaga de Pedro, que teve uma atuação discreta. O jogo se tornou imprevisível. Antes de ir à prorrogação, a Espanha perdeu duas grandes oportunidades. Aos 24 minutos, Navas cruzou e Villa, sozinho, não conseguiu colocar nas redes. Aos 32 minutos, Sergio Ramos novamente cabeceou livre e mandou por sobre o gol.
Gol sofrido. Fabregas entrou ainda nos minutos finais do segundo tempo, mas foi uma das armas de Vicente Del Bosque para o tempo extra. Na prorrogação, a Espanha continuou mais ofensiva e voltou a desperdiçar chances de ouro - aos 4 minutos, a Holanda perdeu a bola no meio. Iniesta fez passe para Fabregas. O camisa 10 saiu na cara do gol, mas Stekelenburg salvou.
A Holanda também fez mudanças, com as entradas de Van der Vaart e Braafheid. Mas foi a Espanha que continuou a assustar. Aos 10 minutos da prorrogação, Navas recebeu passe de Villa pela direita e arrematou. A bola bateu na perna de Van Bronckhorst, passou por Stekelenburg e tocou nas redes pelo lado de fora.
No segundo tempo da prorrogação, Del Bosque fez a última alteração. Tirou Villa para apostar em Fernando Torres, que perdeu brilho no Mundial e passou boa parte dos jogos no banco. A Holanda teve Heitinga expulso aos três minutos por falta em Iniesta e se fechou ainda mais. Os holandeses resistiram o máximo que puderam, mas não conseguiram levar a decisão para os pênaltis.
O gol do título espanhol chegou apenas aos 10 minutos do segundo tempo da prorrogação. Na jogada, Torres cruzou, a zaga cortou e a bola sobrou para Fabregas. O camisa 10 fez o passe para Iniesta. Ele recebeu dentro da área, por trás da marcação, e chutou com fúria. Gol da Espanha. Gol do título. Gol de um novo campeão.
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