O ministro decidiu devolver os R$ 1.736,90 recebidos,
mas vai querer o dinheiro de volta se a CGU entender
posteriormente que o pagamento foi regular
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, pediu à Controladoria Geral da União (CGU) para analisar as diárias recebidas por ele durante viagem ao Maranhão na qual realizou atividades partidárias e se deslocou em uma aeronave providenciada por um diretor de ONG com contrato no Ministério. O ministro decidiu devolver os R$ 1.736,90 recebidos, mas vai querer o dinheiro de volta se a CGU entender posteriormente que o pagamento foi regular.
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Segundo a assessoria da pasta, Lupi recebeu diárias em três dos quatro dias da viagem: sexta-feira, sábado e segunda-feira. A viagem aconteceu de 11 a 14 de dezembro de 2009. Em parte do trajeto, o ministro andou em um avião King Air da empresa Aerotec. A aeronave foi providenciada pelo diretor da ONG Pró-Cerrado, Adair Meira, que tem contratos com o Ministério. O ministro afirma que coube ao seu partido, o PDT, o aluguel do avião, mas o diretório do Maranhão já negou ter feito o pagamento.
O Ministério informou ainda que não consta da prestação de contas da ONG Pró-Cerrado nota da empresa Aerotec. A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) disse ontem ter recebido uma informação de que o comprovante de pagamento da aeronave estava na prestação de contas da entidade de Meira.
Entenda o caso
Lupi enfrenta acusações de corrupção por irregularidades em contratos com ONGs. A principal acusação é de que ele teria viajado para o Maranhão em uma aeronave providenciada pela ONG Pró-Cerrado, dirigida por Aldair Meira. A ONG tem vários contratos com o Ministério do Trabalho.
Inicialmente, Lupi negou ter usado a aeronave, mas após a publicação de um vídeo que mostrava o ministro desembarcando ao lado do diretor da ONG, Lupi admitiu ter viajado no jato, mas não assumiu culpa. Ele afirmou que o seu deslocamento para o Maranhão foi organizado por um ex-assessor, Ezequiel Nascimento, membro do Diretório Nacional do PDT. Na quarta-feira (16), o presidente do diretório regional do PDT do Maranhão, Igor Lago, negou que o partido tenha pago transporte aéreo para a visita do ministro do Trabalho ao Estado do Maranhão.
Durante o escândalo, o ministro se reuniu com a presidente Dilma Rousseff, que cobrou explicações detalhadas sobre o voo no Maranhão. Antes disso, Lupi já havia irritado a presidente, ao dizer que só deixaria o cargo se fosse "abatido a bala". Após a polêmica, Lupi se desculpou, dizendo que "ama a presidente Dilma".
Defesa do ministro
Em depoimento no Congresso, Carlos Lupi justificou os convênios feitos a partir de 2002 com ONGs. Do total de 491 convênios diretos com o Ministério do Trabalho, 97 estão em fase de execução; seis, com prestação de contas em complementação; 148, com prestação de contas aguardando análise; 103, aprovados e quatro, rejeitados. Em tomada de contas especiais, por falha, erro e irregularidades, 18; aguardando prestação de contas, 103. Carlos Lupi fez na Câmara um histórico de sua atuação frente ao Ministério do Trabalho.
Para se defender das denúncias, o ministro afirmou que, se alguém fez alguma coisa errada dentro do Ministério do Trabalho, que pague. "Pedi à Polícia Federal que fosse fundo. As duas fontes anônimas que denunciam o Ministério do Trabalho não receberam dinheiro. Se há falhas, há. São 500 convênios. Há falhas. Corrupção dentro do Ministério do Trabalho e no meu partido não há. Ninguém vai macular minha história modesta e pequena. Incomoda a muita gente um ex-jornaleiro chegar onde chegou", disse ele.
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