(*)José Maria Vasconcelos
"Sai um canalha, entra outro. O outro é muito pior. Esta casa não é casa de canalhas, marmanjos, bandidos, ladrões. Vejo, nesta casa, bandidos. É um feudo ou pasto? Não sabe que, para escolher um conselheiro, exige-se notório saber e reputação?
A corrupção, neste país, está no DNA dos brasileiros. Quanto mais bandido, mais louvado por esta casa. Candidatos que fraudam a Previdência, ladrões da merenda escolar, canalhas, sem vergonha, formadores de quadrilha. Lançam-se candidatos; sai o pai, entra o filho; este, muito pior. Quanto mais ladrão, mais louvado por esta casa. O outro candidato fraudou o Bolsa Família... Ladrões da educação e das vacinas das crianças. Malandros, cafajestes e cínicos infestam esta casa. Filho entrando no rabo do pai, candidatando-se cinicamente a uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas.
Eu tenho outras palavras piores para lhe dizer. A casa inteira conhece sua prática deletéria. O senhor é ladrão, e toda a sua família se beneficia com empregos, que vão de 5 a 23 mil reais, bem como os laranjas que corrompem dados para cobrir safadezas. Tenho sua ficha suja, sei de tudo, até de vendedor de medalhas ao mérito, em solenidades desta casa. Cínico, o senhor me mandou rezar. O meu Deus não é o seu. O meu Deus é o da dignidade".
Pelo amor ao Todo Poderoso, não me condenem diante de tantas bordoadas. Ademais, não disponho de autoridade para tamanha coragem de pronunciá-las. Autoridade sobra em Cidinha Campos, deputada estadual pelo Rio, uma das raras dignidades nacionais, capazes de enfrentar a bandidagem instalada nos três poderes. Claro, sobrevivem honrosas exceções, exemplo da nova geração de promotores e juízes, sublimar-mente escolhidos pelo talento e concurso público.
Extraí essas corajosas denúncias de dois pronunciamentos da deputada estadual, abril de 2010, na Assembleia Legislativa do Rio. Pronunciou-as frente ao deputado, que tremia de vergonha, que se candidatara ao cargo de conselheiro do Tribunal de Contas. Quer saber o conteúdo completo do indignado discurso? Entre no Google, digite Cidinha Campos, discursos. Ou me peça por email, enviar-lhe-ei. De tanto sucesso na internet, a parlamentar foi entrevistada por televisão portuguesa. Qualquer semelhança das acusações com o nosso terreiro, onde falta tenaz parlamentar, onde só se diz Amém, não passa de mera semelhança. Ou coincidência.
A biografia de Cidinha Campos percorre longos meandros da imprensa e teatro. Trabalhou nas principais televisões e rádios, repórter e comentarista, desde início dos anos 70. Popularizou-se pela coerência e retidão de caráter. Nos processos a que responde, vítima dos adversários, ganha todos e perde bastante dinheiro com advogados. Nobre guerreira, um jequitibá meio a reserva florestal de abnegados e herois do bem, uma espécie em extinção. Faltam ibamas da Justiça para preservá-los, eliminando diabólico joio e ratazanas do alheio.
AGRADECIMENTOS: Meu endereço eletrônico enche-se de mensagens, bem alentadoras, de leitores, até de longínquas regiões, como Águas Lindas-GO, onde uma rádio costuma usar meus textos para comentários.
(*) José Maria Vasconcelos é cronista - josemaria001@hotmail.com
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