Maioria dos estudantes brasileiros já sofreu com esse fenômeno.
Comissão de Educação aprovou projeto de Paulo Paim com medidas
para reverter estatísticas negativas
Uma pesquisa no Google, a mais popular ferramenta de busca da internet, encontrou mais de 1,3 milhão de registros de notícias, artigos e comentários associando as palavras "violência", "agressão" e "escola", apenas em páginas do Brasil. Mas nem é preciso ir ao computador, basta ligar a TV – ou, pior ainda, conversar com o próprio filho – para constatar o óbvio: essa é uma mazela social que se espalha endemicamente pelo país, sem respeitar fronteiras geográficas ou sociais.
Em dois casos recentes, um menino de 9 anos foi espancado por colegas da mesma idade em São Joaquim da Barra (SP). Recebeu socos e pontapés simplesmente porque é gago. Em Brasília, uma menina de 15 anos levou um corte de 15 centímetros no abdômen e chutes no rosto, e acabou hospitalizada, depois de ser agredida por duas colegas de sala a menos de 200 metros de onde estuda.
A julgar por pesquisas recentes, essas ocorrências não são exceções. Alunos agredidos, livros roubados, meninas assediadas, funcionários humilhados, ofensas e agressões entre professores e alunos são recorrentes nas escolas dentro e fora do Brasil. Fenômeno que atinge um em cada 12 alunos no mundo, de acordo com estimativa do Observatório Internacional da Violência na Escola, com sede em Paris.
Outra organização não governamental, a Plan, criada em 1937 e presente em mais de 60 países, apurou em pesquisa própria que, a cada dia, 1 milhão de estudantes sofrem algum tipo de violência ao redor do globo. No Brasil, de acordo com a ONG, 84% dos 12 mil alunos ouvidos em seis estados classificaram seus colégios como "violentos", enquanto cerca de 70% deles disseram ter sido vítimas de violência dentro das instituições de ensino.
Já Portugal acredita viver um clima bem menos preocupante, se comparado às realidades de Brasil, Estados Unidos e outras nações europeias, como França e Alemanha (veja infográfico na página ao lado). De acordo com o coordenador do Observatório da Segurança Escolar de Portugal, João Sebastião, de um total de 12.593 escolas, 93,4% não relataram nenhum incidente em 2006/2007. Ainda assim, foram mais de 7 mil ocorrências no ano letivo, concentradas maciçamente na Grande Lisboa e Porto, as duas maiores cidades do país.
Em Brasília, a situação piorou a partir das disputas entre gangues e grupos armados que afetam diretamente a escola, informa a socióloga Miriam Abramovay, que coordenou um estudo junto às escolas públicas da capital federal divulgado em maio (veja logo abaixo).
– Nenhuma escola é uma ilha, e sim uma parte da sociedade. E no nosso caso essa sociedade tem se embrutecido de forma espantosa. O roubo, o tráfico, a corrupção, o desrespeito e o preconceito levam a atos violentos e criminosos. Para recompor valores deteriorados e preparar os jovens para a vida, a escola não pode ignorar a violência e precisa trazer as questões do mundo para a sala de aula – propôs, em seu blog, o físico e educador Luis Carlos de Menezes, da Universidade de São Paulo (USP).
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