Há exatamente um ano o Opinião e Notícia dava início a uma série de matérias sobre crimes sem solução envolvendo o nome e a gente do PT nos quais a reputação do partido foi colocada em xeque. Os casos da prisão cheia de controvérsia de Toninho da Barcelona, o chamado “doleiro do PT”, e dos assassinatos de Celso Daniel, em 2002, e de Toninho do PT, em 2001, ainda estão para ser esclarecidos, mas o governo não parece interessado em tal empreitada. E mais: em um ano ocorreram desdobramentos que trazem novos indícios de descaso para com a verdade.
Toninho da Barcelona
No dia 05 de março de 2008 o O&N publicou a reportagem “Doleiro do PT é perseguido pelo governo”, que mostrou a incoerência da condenação de Antonio Oliveira Claramunt a 25 anos de prisão por efetuar operação de câmbio não autorizada, cuja pena prevista na Lei 7.492/86 é de dois a seis anos de reclusão. Toninho está em presídio de segurança máxima no interior de São Paulo. Foi condenado três vezes pelo mesmo crime, o que atenta contra a Constituição.
Ele diz já ter sido ameaçado de morte e sofrido tortura psicológica, e chegou a ficar trancafiado durante um ano em uma cela isolada, o que só não chegou formalmente ao conhecimento da Anistia Internacional graças a uma intervenção do Ministério Público Federal. Apesar das claras irregularidades, todos os seus pedidos de Habeas Corpus até aqui foram negados. Parece perseguição e intimidação, e tudo indica que é isso mesmo, uma vez que a única razão aparente para tamanhos rigores da lei é o fato de que Toninho da Barcelona sabe muito sobre o envolvimento de petistas graúdos com remessas ilegais de dinheiro para o exterior, o que lhe valeu o apelido de “doleiro do PT”.
No final do ano passado o ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa concedeu habeas Corpus a Ussen Alin Chahime, denunciado pelo Ministério Público de São Paulo junto com Toninho da Barcelona, no âmbito do caso da empresa Barcelona Tur, por crimes contra o sistema financeiro nacional. Chahime vai aguardar o julgamento dos recursos em liberdade; Toninho, no entanto, continua preso.
Celso Daniel
Em 13 de março do ano passado, foi ao ar no O&N a matéria “Oito mortos e dois refugiados políticos. Crime comum?”, na qual se relatou como o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel completava seis anos impune deixando um rastro de sangue e ameaças. Pois o assassinato de Celso Daniel completou sete anos no último dia 20 de janeiro. A data foi lembrada com uma missa realizada na Igreja Matriz de Santo André. Os poucos que compareceram puderam ouvir a leitura de uma carta enviada por familiares do prefeito morto que moram na França como refugiados políticos, condição que lhes foi concedida pelo governo francês em 2006 depois de receberem uma série de ameaças no Brasil por insistirem na elucidação do crime.
Bruno Daniel, irmão do prefeito, Marilena Nakano, sua mulher, e os três filhos do casal disseram ter saudades do Brasil, onde não podem botar os pés porque automaticamente perderiam o direito ao asilo que conquistaram junto ao Ofício Francês de Proteção aos Refugiados e Apátridas. Na carta, eles também cobram justiça:
“Que a nova promotora que assumiu as investigações seja iluminada pelos ideais de Justiça e que tenha a mesma força necessária que tiveram os promotores Roberto Wider Filho e Amaro Tomé Filho (…) para enfrentar as pressões que virão pela frente por parte daqueles que querem esconder a verdade”.
A referência é ao fato de que a Promotoria-Geral do Ministério Público de São Paulo trocou o comando do Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional contra o Crime Organizado) do ABC paulista. Roberto Wider Filho foi afastado sob suspeitas de cometer irregularidades durante a investigação de denúncias sobre um outro caso, o de fraudes em licitações na cidade de São Caetano, o chamado caso Cressoni. A retirada do promotor foi pedida pelo advogado do ex-diretor de Obras de São Caetano, José Gaino, que é um dos acusados de participar do esquema.
O Tribunal de Justiça de São Paulo ainda anulou todas as denúncias sobre o caso Cressoni porque o MP teria interrogado os réus, o que é irregular. Wider, no entanto, saiu do cargo dizendo que os depoimentos dos réus haviam sido autorizado pelo próprio TJ, e que seu afastamento e a anulação das denúncias pode acabar em impunidade, uma vez que os crimes datam de 1996 e estão próximos da prescrição. “Vamos esperar que com os outros inquéritos não aconteça o mesmo", disse ele. Referia-se, dentre outros, ao caso Celso Daniel?
A promotora Eliana Faleiros Vendramini, que assumiu o Gaerco do ABC, diz que até maio vai acontecer o julgamento dos oito denunciados pelo crime, inclusive do empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, ex-segurança de Celso Daniel que continua negando com veemência a acusação de ser o mandante do sequestro e do assassinato do amigo.
Toninho do PT
No dia 18 de março de 2008 o ON mostrou na matéria “Viúva de Toninho do PT segue em busca da verdade” a falta de empenho para a apuração a fundo da morte do ex-prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos. Segundo o inquérito policial, Toninho foi morto a tiros porque cruzou com uma quadrilha de sequestradores em fuga, ou seja, estava no lugar errado na hora errada. Para sua família, no entanto, ele morreu porque abriu várias frentes de combate à corrupção na cidade.
O O&N contou ainda que em setembro de 2007 o juiz José Henrique Torres, presidente do Tribunal do Júri de Campinas, havia rejeitado o pedido do Ministério Público de São Paulo para levar o seqüestrador Wanderson de Paula Lima, o Andinho, a júri popular pela morte de Toninho do PT. Na sentença, o juiz disse que "o indício da participação do réu [Andinho] no homicídio somente poderia surgir de provas seguras e nunca de outros indícios, especialmente de indícios frágeis, inseguros, contraditórios e contrariados".
Na época, o juiz determinou também a reabertura das investigações policiais, mas o início de novas apurações foi impedido por um recurso da promotoria impetrado junto ao tribunal de Justiça de São Paulo, que poderia levar de dois a três anos para ser julgado.
Pois no último dia 17 de janeiro o TJ confirmou a decisão do juiz José Henrique Torres. Os desembargadores também entenderam que não há provas contra o homem apontado pela polícia de Campinas como autor do crime. O Ministério Público ainda pode recorrer, mas a família de Toninho tem esperança renovada de que o caso seja reaberto e a verdade sobre morte do ex-prefeito enfim venha a público.
Afinal, caro leitor,você acha que o PT está dificultando a solução dos crimes?
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