Mais uma madrugada de intensos ataques na Faixa de Gaza. Foram mais de 30. Por terra, o exército israelense segue avançando. A cidade de Gaza está cercada e o território foi dividido em dois. A estratégia é impedir a movimentação de militantes do Hamas. A diplomacia internacional se esforça, tenta reabrir o canal da negociação. Será possível?
O avanço foi contínuo, e durante o todo o domingo os tanques israelenses dispararam contra alvos na Faixa de Gaza. Oficialmente, foram mais de 30 mortos ontem, mais de 500 em dez dias de operação. Segundo Israel, a maioria era de militantes do Hamas.
Mas nos hospitais lotados são as vítimas civis, principalmente crianças, que pedem os maiores esforços das equipes de emergência.
Do outro lado da fronteira, em Israel, 47 foguetes lançados pelo Hamas deixaram alguns feridos, como um homem, que teve a casa destruída.
Reservistas chamados ao front ontem se despediam das famílias, juntaram os uniformes com uma ameaça – “Hamas, estamos indo”. As forças israelenses avançam sobre Gaza seguindo dois eixos, em uma estratégia que divide o território em dois, a partir da passagem de Karni até o Mar Mediterrâneo. Isso parece ser parte da estratégia para impedir que o Hamas mande reforços de Rafah, para a cidade de Gaza, no norte.
Dos dois lados, sinais de uma forte crise humanitária. Adultos e crianças se aventuraram para fora do centro de refugiados para buscar água. Na cidade de Gaza, sob fogo israelense, as pessoas fazem fila em frente ao centro de distribuição de alimentos da ONU, para buscar mantimentos.
Um homem carrega o filho nos braços. Um parente diz: “O mundo deve vir e ver o que está acontecendo aqui”. Em Israel, o único soldado morto desde que começou a ocupação por terra foi enterrado com honras, em meio a muita comoção.
A União Europeia não está aproveitando o vazio de liderança internacional deixado pelo processo de transição nos Estados Unidos para dar uma resposta forte e conjunta a essa crise. No sábado, a primeira reação, da presidência tcheca da União Europeia foi dizer que a incursão por terra era um ato de defesa, não de ataque.
Ontem, o ministro das Relações Exteriores da República Tcheca teve que se explicar. Disse que mesmo o direito que o estado tem de se defender não justifica ações que afetam massivamente a população civil. O ministro tcheco está liderando uma comissão da União Europeia que está em missão de paz na região.
Mesmo nesse esforço tem concorrência. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, está chegando ao Egito em uma viagem de negociações, em um tour que passa também por Jerusalém, Cisjordânia, Síria e Líbano.
Em Londres, em uma entrevista para televisão, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown disse que as bases para um acordo devem ser a possibilidade de Israel ter segurança dentro de suas fronteiras, e os palestinos terem um estado.
O chamado de paz saiu também da missa dominical, no Vaticano. O Papa Bento XVI disse que o ódio não oferece solução e conclamou os cristãos da Terra Santa a rezar pelo fim do conflito.
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