Tributação
Ipea: 10% mais ricos têm 75% da renda do país e pobres pagam mais impostos
Publicada em 15/05/2008 às 14h12mCristiane Jungblut - O Globo
BRASÍLIA - Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada nesta quinta-feira mostrou que o atual sistema tributário do país faz com que os mais pobres paguem mais impostos que os mais ricos.
Segundo o levantamento, os 10% mais pobres pagam 32% de sua renda em impostos e contribuições, enquanto os 10% mais ricos pagam só 22%. Já os extremamente pobres entregam 44,5% do que ganham para o Estado. O Ipea mostrou ainda que os 10% mais ricos concentram 75% da riqueza e da renda nacional.
Como exemplo da desigualdade, o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, citou o fato dos 10% mais pobres gastarem 1,8% da renda com IPTU, enquanto a mesma porcentagem de mais ricos desembolsam 1,4% com o imposto.
" O pobre está lascado por ser morador da favela. Quem é pobre no Brasil está condenado a pagar mais imposto "
- O pobre está lascado por ser morador da favela. Quem é pobre no Brasil está condenado a pagar mais imposto - afirmou Pochmann, para quem a maior incidência de carga tributária se dá entre os que ganham entre 5 e 30 salários mínimos (R$ 2.075 a R$ 12.450).
Presidente do Ipea defende mudanças no IR
Ao apresentar o estudo sobre carga tributária, Pochmann defendeu mudanças no atual sistema do Imposto de Renda, afirmando que é preciso haver mais faixas de alíquota e que o atual sistema de duas faixas (15% e 27,5%) não é o ideal, já que a primeira seria muito alta e a última muito baixa. Pochmann disse que nos outros países há até cinco faixas, o que também teria ocorrido durante o regime militar brasileiro:
- Tínhamos um sistema melhor - lamentou ele, acrescentando que poderia haver faixas de até 40% a 50%.
O presidente do Ipea também disse que a CPMF era um imposto moderno e que conversava com futuro, "uma vez que conseguia taxar uma riqueza imaterial, que é a que circula no mercado". Ele também criticou a proposta de reforma tributária do governo, dizendo que ela não tem objetivo de promover a igualdade.
- Não percebo o princípio de que ela busque a eqüidade fiscal. Não acredito que ela terá impacto, para o bem ou para o mal, nas desigualdades sociais - disse.
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