O professor especialista em Recursos Hídricos da Universidade Federal do Piauí revela que não há como fazer um projeto que permita a solução definitiva para o problema das enchentes em Teresina. Segundo ele, além da capital ser vulnerável por estar entre dois rios, o Parnaíba e o Poti, "nenhum projeto pode prever os fenômenos da natureza que ocasionam as chuvas e as cheias nos rios", afirma o especialista. Entre as ações que podem ser tomadas para amenizar o problema, Manoel Coelho cita a criação de um centro de monitoramento que possa sistematizar todos os dados sobre as chuvas no Estado e a relação com o rio Poti, que segundo o professor é o que ocasiona maiores problemas ao Piauí. "O rio Parnaíba já possui um sistema de monitoramento mais eficiente que o Poti", afirma. Para amenizar e dar maior segurança a Teresina no caso das cheias do Poti o professor afirma que seria necessário se fazer o barramento do rio, que é a construção de barragens, pelo menos 4, segundo ele.
Diário do Povo - O que se pode fazer para solucionar o problema das enchentes em Teresina e no Piauí?
Manoel Coelho - Primeiro é preciso deixar esclarecido que não existe projeto de solução definitiva para este problema. Nós estamos falando de um fenômeno da natureza, não trabalhamos com dados definitivos sobre isso, pois mesmo com pesquisa e projetos não existe esta possibilidade. É errado afirmar que se fazem projetos definitivos para o problema das enchentes em Teresina. O rio Poti é imprevisível neste sentido. No caso do rio Parnaíba já se tem mais dados e informações sobre a sua situação, mas mesmo assim, como eu já disse a natureza é imprevisível. Pode chover muito no período que se esperar que chova e também pode não ocorrer.
DP - Que projetos poderiam solucionar ou amenizar o problema?
M.C - O mais eficaz deles seria o barramento do rio Poti, mas trata-se de um projeto grandioso. Um projeto que envolveria muitas outras áreas e tem um impacto sócio econômico muito grande, então não é o projeto mais viável. Envolve além do Poti todos os seus afluentes.
DP - Quantas barragens seriam necessárias para que as cidades do Piauí não sofram mais enchentes?
M.C - Pelo menos três a quatro barragens ao longo do rio. O impacto desta cons-trução seria, imenso. Um projeto dessa plenitude envolve desapropriação de populações ribeirinhas, alagamento de áreas habitadas, tem um impacto ambiental muito grande demanda grande volume de recursos.
D.P - Seria um projeto comparável a transposição do rio São Francisco?
M.C - Em tamanho e recursos não, mas nas complicações sociais e nas polêmicas que seriam gerada sim, podemos comparar a transposição do São Francisco. Pa-ra se ter uma idéia teria que ser realizada audiência pública em todas as cidades envolvidas, todas as cidades por onde o rio Poti passa, no Piauí e no Ceará. A questão da preservação ambiental de patrimônios, sítios históricos existentes ao logo no trajeto do rio. Uma pesquisa muito grande, envolvendo técnicos de diversas áreas. Por isso podemos comparar o projeto de barra-mento do Poti com o da transposição do São Francisco.
DP- Quais os principais erros no que diz respeito à ocupação das áreas ribeirinhas em Teresina?
M.C - O mais grave de todos e mais recente são as construções nas áreas dos shoppings. Aquilo jamais deveria ter sido feito. É uma área totalmente vulnerável porque a tendência do rio é voltar ao seu leito natural é voltar e ocupar o lugar que foi seu. Ali não deveriam existir prédios nem residências. Esse é um erro cometido pelas falta de um plano diretor de ocupação do solo, e a sua obediência. Vemos que até mesmo órgãos como a Caixa Econômica e Cohab construíram imóveis em áreas de risco. Este é um dos erros mais graves que podemos citar em Teresina. Tem-se que respeitar a situação das bacias e das microbacias hidrográficas em Teresina e não construir residências nestas áreas. Ali na área do shopping deveria ter sido construído campos de futebol por exemplo, jamais residências ou prédios comerciais. A região da avenida Raul Lopez é totalmente vulnerável e as perspectivas para daqui há 15 ou 20 anos não são boas neste sentido.
DP - Existem no Piauí técnicos capacitados para fazer este gerenciamento? Os gestores públicos já procuraram ajuda de pesquisadores aqui na Universidade para elaborar projetos neste sentido?
M.C - O Piauí tem sim uma massa critica muito boa. Na Secretaria de Meio Ambiente do Estado temos ótimos técnicos, na Codevasf. O que nos falta é um órgãos que possa centralizar e gerenciar todos os dados, todas as pesquisas que temos em torno do tema. Seria necessários a criação de uma unidade gestores que pudesse avaliar a validade técnica dos dados sobre as cheias, as chuvas, a ocupação das margem, enfim tudo que diz respeito ao Poti. Para se elaborar projetos con fiáveis é necessário um período mínimo de 30 anos de coleta e avaliação deste tipo de dados. Infelizmente nos não temos um órgão como este. Temos os pesquisadores os técnicos capacidades mas falta gestão dos dados. Este órgão ficaria responsável pelo intercambio entre os profissionais responsáveis pelas pesquisas. A falta de gestão e sistematização destes dados dificulta muito mais o trabalho da Defesa Civil do Estado que não pode trabalhar com mais segurança na previsão dos problemas. Teríamos que ter um sistema de telemetria ao longo do rio, para monitorar e gerir os dados. Com um sistema como este por exemplo em Prata do Piauí, poderíamos prever a inundação e os locais atingidos com uma antecedência de cinco horas.
DP - Com relação à capital que medidas imediatas devem ser tomadas?
M.C - Para o problema da falta de escoamento da água das chuvas eu diria que de imediato deve-se fazer as obras de galerias nas avenidas Homero Castelo Branco e na avenida Kennedy. São pontos críticos que só serão resolvidos com a construção de galerias para o escoamento da água que acumula da chuva. Aqui em Teresina o sistema de galerias é totalmente falho. Só existem galerias aqui naquela região do HGV. A construção destas galerias é obra de um custo elevado, mas é uma obra rápida e que tem um beneficio que compensa o investimento. E são obras que não precisam de desapropriação como é o caso das barragens. Além das galerias diminuir drasticamente a ocupação de lotes. Com o grande número de construção por lote o solo fica sem capacidade de absorção e acumula a água. O crescimento desorganizado da cidade também é um fator determinante. E as cidades de todo o Piauí caminham para o mesmo problema porque não se faz e não se o plano de ocupação do solo a tendência é que as enchentes sejam cada ves maiores com consequências mais graves.
DP - A falta de preservação ambiental também tem impacto nas enchentes?
M.C - Totalmente e grandes impactos. A ocupação da calha do rio, o desmatamento das suas margens tudo isso ajuda a aumentar o perigo da enchente. O histórico do rio Poti mostra que em intervalos de 10 anos temos enchentes. Com a falta de preservação ambiental a tendência é de que as tragédias sejam ma-iores. No Estado de Santa Catarina a última enchente poderia ter sido pior. Acontece que lá eles já tomaram medidas preventivas como esta que citei. Eles tem uma política de gestão dos recursos hídricos mais antiga, tem um sistema de telemetria mais eficiente. E lá também a ocupação do solo teve que ser controlada.
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