O Teatro Municipal de São Paulo, com toda a sua imponência, tornou-se pequeno na noite de terça-feira (26), quando 20 das maiores cantoras brasileiras da atualidade se reuniram para o show “Elas cantam Roberto”, em homenagem aos 50 anos de carreira do Rei. Mirando suas câmeras e celulares em busca do melhor ângulo – mesmo que de alguns setores só fosse possível enxergar um terço do palco, ou até menos – cerca de 1.500 pessoas presenciaram artistas dos mais diferentes estilos, do axé ao rock, interpretarem as canções de Roberto Carlos.
O espetáculo foi gravado pela TV Globo e será exibido pela emissora no próximo domingo (31). Futuramente, o especial dará origem, ainda, a um CD e a um DVD. Talvez por conta disso a apresentação tenha ocorrido num clima um tanto frio, sem comunicação das “divas” com o público. Nem mesmo Hebe Camargo, que foi a primeira a subir ao palco, falou com a plateia. A artista, no entanto, fez os fãs voltarem à era do rádio com sua interpretação de “Você não sabe”, de Roberto e Erasmo Carlos.
Ivete Sangalo foi quem quebrou o protocolo e arrancou risadas durante sua participação no show. Depois de cantar a clássisca “Os seus botões”, a baiana aproveitou o intervalo antes da faixa “Olha” para entreter o público com piadas. “Era para eu ficar quieta, mas eu não consigo”, disparou, enquanto a equipe de produção fazia ajustes no palco. “Estou bonita? O que é que vocês acham?”, provocava, para deleite dos fãs. “Robertão é massa. Eu adoro!”
O tão esperado momento lindo aconteceu mesmo quando finalmente Roberto Carlos apareceu para os últimos números. Foi só cantar os primeiros versos de “Emoções” para que a plateia se desmanchasse em gritos de “você merece”. A apoteose se deu quando todas as cantoras retornaram para o ato final, entoando “Como é grande o meu amor por você”, uma de cada vez, ao pé do ouvido do Rei. Os pedidos de bis foram atendidos, e o grupo voltou ao palco para cantar “É preciso saber viver”.
Embora nenhuma das cantoras consiga substituir a presença do próprio Roberto Carlos, o espetáculo vale como mosaico de sua obra, tão eclética e universal que pode ser interpretada dos mais diferentes jeitos, e com os arranjos mais inusitados.
Se Fernanda Abreu mostrou uma versão suingada de “Todos estão surdos”, a atriz Marília Pêra fez uma interpretação dramática de “120, 130, 150 Km por hora”. Marina Lima tocou guitarra e transformou “Como dois e dois”, de Caetano Veloso, em um rock. Já Sandy soltou a voz adocicada em “As canções que você fez pra mim”. Mart’nália fez um samba em “Só você não sabe”; ao passo que Adriana Calcanhotto dispensou a orquestra para apresentar, sozinha ao violão, a faixa “Do fundo do meu coração”.
O espetáculo teve ainda Alcione (“Sua estupidez”), Fafá de Belém (“Desabafo”), Daniela Mercury (“Se você pensa”), Celine Imbert ("A distância"), Wanderléa (“Você vai ser o meu escândalo”), Rosemary (“Nossa canção”), Paula Toller (“As curvas da estrada de Santos”), Cláudia Leitte (“Falando sério”), Luiza e Zizi Possi (“Canzone per te” e “Proposta”), Nana Caymmi ("Não se esqueça de mim"), e Ana Carolina ("Força estranha").