Quando criança, Djan Moreira pediu esmolas no Centro de Teresina.
'A expressão estrutura familiar nunca passou pela minha casa', disse.
“Meu brinquedo foi o trabalho”. A frase é do ex-menino de rua Djan Moreira, que essa semana tomou posse como conselheiro tutelar em Teresina. Aos 10 anos de idade, Djan viu faltar comida em casa e foi para as ruas pedir esmola para ajudar a família. Hoje, aos 30 anos e casado, o conselheiro diz que sua prioridade será a valorização do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) durante o trabalho no Conselho Tutelar.
Filho de mãe solteira e dividindo a casa com mais quatro irmãos, Djan teve que procurar trabalho desde cedo. Foi na Central de Abastecimento do Piauí (Ceapi) que ele conseguiu os primeiros trocados. Ele também ia para as ruas do Centro da capital pedir dinheiro para ajudar em casa.
“Minha mãe teve que criar todos nós sem o auxilio paterno. Mesmo contando com o apoio dos meus tios a situação era precária. Quando vi que estava faltando comida em casa, fui trabalhar na antiga Ceasa e, com os trocados que recebia das compras que carregava e algumas frutas e verduras, ajudava no sustento da minha famíli”, relembra o conselheiro.
Aluno do curso de Filosofia da Universidade Federal do Piauí, antes de se candidatar ao cargo de conselheiro tutelar, aos 13 anos Djan Moreira ingressou no Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, onde ocupou a função de Representante da Comissão Nacional de Animação (CNA).
Da infância na Vila Coronel Carlos Falcão, antigo Mulambinho, na Zona Sudeste de Teresina, ao trabalho no Conselho Tutelar, Djan diz que o estalo para se engajar na política e nas atividades sociais foi a sua própria história.
“Meu brinquedo foi o trabalho, seja na antiga Ceasa ou fazendo serviço de capina e pedindo dinheiro. Isso atrapalhou muito minha infância. A expressão palavra ‘estrutura familiar’ não passou na minha casa. Não tivemos a figura do pai que considero uma falta grave. Hoje tenho um irmão que vive solto no mundo por vários motivos”, disse.
Djan Moreira será um dos conselheiros com atuação no II Conselho Tutelar da capital que presta assistências aos moradores das Zonas Sudeste e Leste de Teresina.
“A nossa prioridade é que o Conselho Tutelar chegue ao povo,chegue às crianças e aos adolescentes sejam eles excluídos ou não. Iremos fazer um trabalho em parceria com as escolas, associações, igrejas e com a imprensa para fazer valer os artigos 131 e 136 do Estatuto da Criança e do Adolescente”, destacou.
Fonte: g1.globo.com
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