Uma das principais instituições usadas por envolvidos na Operação Lava Jato, o banco suíço Julius Baer, fez um acerto com a Justiça americana no qual pagará US$ 547 milhões (R$ 2,1 bilhão) de multa.
A instituição vem sendo investigada desde 2011 por colaborar com a evasão fiscal de vários clientes americanos. As informações foram reveladas pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
Entre os investigados da Lava Jato que aplicaram recursos no Julius Baer está o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), beneficiário de contas onde estão depositados US$ 2,4 milhões. Os ativos em dólares e francos suíços foram aplicados em fundos de investimento por meio de contas abertas em nome de empresas offshore -firmas de fachada baseadas em paraísos fiscais. O valor está bloqueado desde abril.
Outro clientes do banco envolvido no esquema de corrupção da Petrobras é o ex-gerente da estatal Pedro Barusco, que teve as contas bloqueadas em março. Segundo as investigações, ele usou o mesmo modus operandi de Cunha ao abrir contas em nome de offshores para esconder o dinheiro.
No acordo de delação premiada, Barusco revelou que para abrir contas na Suíça usou os serviços de Bernardo Freiburghaus, mesmo intermediário que ajudou o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que tem US$ 23 milhões bloqueados em bancos do país. Freiburghaus tinha escritório no Rio de Janeiro e se mudou para Genebra quando passou a ser investigado.
Outros ex-funcionários da Petrobras que também investiram dinheiro de propina no Julius Baer são Renato Duque e Jorge Zelada.
O banco vem colaborando com as investigações no Brasil e reportou as suspeitas de origem ilícita do dinheiro nas contas de Eduardo Cunha ao escritório do procurador-geral da Suíça, Michael Lauber. O Ministério Público do país europeu instaurou um inquérito contra Cunha por suspeita de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Além de extratos de contas ligadas a Cunha, o Julius Baer entregou às autoridades de Berna a documentação completa de abertura das contas -como formulários preenchidos e assinados, cópias de documentos e comprovantes de endereço dos beneficiários finais. Todo material foi enviado a Brasília, junto com um relatório da investigação conduzida pela equipe de Lauber e cópia dos ofícios trocados pelos procuradores brasileiros e suíços sobre a transferência do inquérito para o Brasil.
Para evitar outras multas nos Estados Unidos, o Julius Baer anunciou que chegou a um acordo com a Procuradoria-Geral de Nova York.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/