Seis dias depois da tragédia, veio o anúncio.
Os corpos e os destroços encontrados no mar devem
chegar a Fernando de Noronha domingo.
A Marinha e a Aeronáutica anunciaram neste sábado (6) que retiraram do mar os corpos de duas pessoas que estavam no voo 447 da Air France. As equipes também recolheram uma mochila, uma pasta e uma poltrona. Foi o dia mais movimentado em Fernando de Noronha desde o início das buscas. Duas câmeras frigoríficas chegaram ao arquipélago. Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) trouxe mantimentos para as equipes e combustível para as aeronaves.
No início da tarde deste sábado (6), no Recife, os comandos da Marinha e da Aeronáutica convocaram uma entrevista coletiva.
“Hoje pela manhã, às 8h14, tivemos a confirmação do resgate na água de peças e de corpos que pertenciam ao voo da Air France”, afirmou o vice-chefe de comunicação da FAB, coronel Jorge Amaral.
Os corpos e os objetos foram localizados numa área a 900 quilômetros ao norte de Fernando de Noronha e a 70 quilômetros do ponto onde o Airbus teria emitido o último aviso de pane.
Os trabalhos que levaram à descoberta começaram de madrugada. Às 4h, o avião R-99 da FAB, que é equipado com radares, localizou objetos no oceano. Outros pontos foram localizados entre 5h e 6h.
O R-99 solicitou o deslocamento da Corveta Caboclo até o local. Às 8h07, a tripulação de um avião Hércules C-130 confirmou visualmente a presença dos objetos. Às 8h14, a Corveta recolheu o primeiro objeto: uma poltrona azul, com um número de série, que ainda precisa ser confirmado pela Air France.
Às 9h10, a Corveta avistou o primeiro corpo, que foi recolhido. Às 9h50, foi encontrada uma mochila com um computador portátil e um cartão de vacinação, e minutos depois uma pasta de couro com um bilhete de voo da Air France. Segundo a companhia, o número do bilhete corresponde ao da reserva de um dos passageiros do voo 447.
Às 11h13, o segundo corpo foi encontrado e retirado do mar. A Aeronáutica informou que nomes foram encontrados na pasta e na mochila, mas que não é possível fazer uma ligação entre esses nomes e os corpos que foram retirados do mar.
A Marinha e a Aeronáutica confirmaram que os dois corpos são do sexo masculino. Da Corveta Caboclo, eles foram levados para a Fragata Constituição. A fragata já seguiu em direção a Fernando de Noronha. Quando estiver a 300 quilômetros do arquipélago, um helicóptero, que já está em Fernando de Noronha, irá até um determinado ponto para trazer os corpos e os objetos.
Cinco peritos da Polícia Federal chegaram sábado ao arquipélago. Eles vão ajudar na identificação dos corpos, que depois serão levados para o Recife.
Na última entrevista da Marinha e da Aeronáutica, falou-se em assentos encontrados e também em um pedaço de asa. O que foi dito é que esses objetos foram encontrados. Estão sendo recolhidos todos os objetos que possam pertencer ao avião da Air France.
A Marinha e Aeronáutica estão recebendo ajuda de outros países para fazer essas buscas, mas é a França que está dando a ajuda mais substância. Porque a missão do avião americano, que estava na região, terminou neste sábado. A aeronave deve ter voltado. Na semana que vem, deve chegar um submarino francês. Foi dito que o encontro desses corpos e desses destroços foi feito com ajuda dos aviões da Marinha brasileira e da equipe francesa que também trabalha nessa frente de busca.
A imprensa internacional, principalmente europeia, está com um noticiário muito forte, dizendo um satélite da Alemanha e dos Estados Unidos, por exemplo, é que teriam levado os aviões brasileiros até o lugar. Mas autoridades da Aeronáutica negaram e disseram que, realmente, o trabalho fio feito por quem já está trabalhando no local. Ou seja, basicamente a Marinha e a Aeronáutica do Brasil e os franceses.
Durante a tarde, foram localizadas outras áreas, onde também foram avistados destroços, a oeste da área onde foram recolhidos os corpos e em uma outra área. As autoridades disseram que, diante dessas evidências de que há outros pedaços e objetos do avião boiando, a área vai ser ampliada. A essa altura, já está em 200 mil quilômetros quadrados, na região do Oceano Atlântico.
A Aeronáutica e a Marinha não informaram se as poltronas são mesmo do Airbus. Durante a tarde, havia a dúvida se elas realmente eram do voo 447. Disseram que se encontrarem qualquer objeto de uso pessoal não vão informar para a imprensa e sim aos parentes dos passageiros.
Os corpos recolhidos já estão no navio Fragata Constituição, mas só chegam amanhã à base militar em Fernando de Noronha, porque a embarcação navega a uma velocidade muito lenta de 24 nós, ou seja, 40 km/h. Por isso, só deve chegar amanhã à tarde.
O navio vai ficar a uma distância de 300 quilômetros da ilha para que o helicóptero da FAB que está estacionado no aeroporto possa decolar e ir até o local recolher os corpos e o material e levar para a ilha.
Toda estrutura para receber os corpos já está montada. A câmeras frigoríficas estão lá. Os peritos da Polícia Federal também, e devem começar a trabalhar assim que o helicóptero pousar em Noronha. Esses corpos serão catalogados, pré-identificados e depois encaminhados ao IML do Recife.
Os militares brasileiros têm condições de prosseguir as buscas mesmo à noite. A Aeronáutica faz questão de frisar que a operação continua sem alterações e que as buscas foram até intensificadas no local onde os corpos foram encontrados. Um avião radar R99 que identificou os pontos no oceano vai partir de Fernando de Noronha às 4h e voltar para o local das buscas para continuar a operação.
Militares disseram que o avião Hércules estão voando a uma altura de 300 metros do mar, ou seja, muito perto. Mesmo assim, estão tendo dificuldades de identificar os destroços.
Em uma nota, a Air France agradece os esforços das forças armadas do Brasil e da França em continuar as buscas, mesmo sob condições meteorológicas extremamente adversas. A companhia diz também que o momento de descoberta dos corpos e dos objetos do avião é de muita emoção.