Seja bem vindo(a) ao nosso blog!

domingo, 30 de novembro de 2008

José Alencar é internado com fortes dores abdominais em SP

Ele sentiu as dores em Resende (RJ) e teve de ser internado.
Após a realização de exames, foi diagnosticado enterite.
vice-presidente da República, José Alencar, de 76 anos, foi internado na tarde deste sábado (29) no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Ele sentiu fortes dores abdominais em Resende (RJ) e teve de ser internado.
Segundo a assessoria de imprensa do hospital, o vice-presidente apresentava dor abdominal aguda ao dar entrada no hospital. Após a realização de exames, foi diagnosticado enterite (infecção intestinal).
A equipe que assiste ao vice-presidente é composta pelos doutores Paulo Hoff, Roberto Kalil Filho e Marcel Cerqueira César Machado. Histórico
Desde 1997, Alencar luta contra o câncer. Em setembro, ele passou por uma cirurgia como parte do tratamento de um tumor abdominal. O procedimento durou seis horas.
Segundo boletim médico, estudos de imagem mostraram que os três tumores existentes foram removidos de forma completa, não existindo qualquer indício de lesões adicionais.
Em 2006, passou por outras três operações para a retirada de tumores no abdome. Depois da última cirurgia, a cada 60 dias Alencar costuma fazer exames preventivos.

Alemanha vai doar 200 mil euros a catarinenses

O governo alemão vai doar 200 mil às vítimas das inundações em Santa Catarina. Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, os recursos serão destinados para a compra de barracas, alimentos, colchões, cobertores e água potável. O dinheiro será repassado por meio de Organizações Não Governamentais (ONGs) alemãs que atuam na região em cooperação com o Consulado-Geral da Alemanha em Porto Alegre. Em Santa Catarina, principalmente em Blumenau, há muitos descendentes de alemães.
Até ontem as contas bancárias abertas para receber doações já somavam mais de R$ 3,5 milhões. Pela falta de locais para cozinhar, a Defesa Civil de Santa Catarina pede que sejam enviados alimentos de consumo imediato, como bolachas, leite e barras de cereal, além de itens de higiene pessoal.
A Defesa Civil da cidade de São Paulo enviou ontem dois caminhões: um com 4.925 litros em garrafas de água e outro com água, alimentos e roupas. Todas as doações que chegam às 31 subprefeituras da capital são encaminhadas para Blumenau. A Cruz Vermelha enviou um caminhão com água, alimentos e produtos de higiene. A Defesa Civil do Estado de São Paulo, que recebe garrafas d'água doadas em postos policiais e quartéis de bombeiros, enviou quatro caminhões com galões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Doações em contas para vítimas de chuva em SC passam de R$ 2 milhões

Dinheiro arrecadado será usado para compra de mantimentos,
diz governo.Mais de 78 mil pessoas tiveram que deixar suas casas.

As contas bancárias abertas em nome do Fundo Estadual da Defesa Civil receberam R$ 2.024.480,10 até a noite de quinta-feira (27). Desse valor, R$ 800 mil correspondem a doações de bancos e o restante, de empresas e particulares.

Saiba como ajudar as vítimas da chuva em SC

Veja fotos da chuva em SC

Segundo o governo estadual, o dinheiro arrecadado será usado para compra de mantimentos que serão distribuídos entre os moradores das cidades que tiveram alagamentos e deslizamentos. Na conta do Banco do Brasil, as doações somam R$ 1.020.000. Na conta aberta pelo Bradesco, os valores chegam a R$ 141.711,45. Há ainda contas disponíveis no Besc, no Itaú e na Caixa.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Equipes de salvamento trabalham no resgate em SC

Uma legião de voluntários, bombeiros, policiais e
homens do Exército trabalha sem parar na tentativa de
socorrer as pessoas isoladas e encontrar vítimas soterradas.
Segundo a Defesa Civil, são 78.700 desabrigados em todo o estado. Dezenove pessoas continuam desaparecidas. A Vigilância Sanitária está alertando as pessoas para não consumirem alimentos atingidos pela enchente, por causa do risco de doenças.
Bombeiros trabalham à exaustão para atender as famílias atingidas por barreiras e inundações. Equipes inteiras viram noites; muitos estão praticamente sem dormir desde o fim-de-semana. “A ânsia, a vontade de ajudar motiva”, explica o bombeiro José Maurício Rodena.
Muitos deles trabalham enquanto as próprias famílias estão desabrigadas. Em Itajaí, por exemplo, as casas de metade dos bombeiros ficaram alagadas. “É uma situação muito dolorosa, bombeiro que perdeu tudo ter que socorrer as pessoas”, diz o subcomandante coronel José Cordeiro Neto.
A Central de Operações dos bombeiros recebe donativos a todo hora, mas a solidariedade enfrenta barreiras – montanhas de terra que impedem as equipes de resgate de levar água potável e comida a todos os atingidos.
O grande desafio dos bombeiros é abrir caminho para que as vítimas recebam ajuda. Eles tentam encontrar alternativas para chegar aos locais ainda isolados ou com acesso difícil; muitas pessoas estão há dias sem assistência. “Em determinadas situações, os bombeiros caminham pelo menos seis horas e encontram pessoas que em 48 horas não consumiram água ou alimentos, muitas delas feridas”, conta o coronel Cordeiro Neto.
Anda falta comida e água potável em muitas comunidades. Para a dona de casa Andréia Feler, a maior preocupação é a assistência médica para o filho hemofílico; a família está isolada desde sexta-feira. “Só a mãe de outro hemofílico entende o que eu estou passando, não dá nem pra dormir”, ela diz. “A vontade que a gente tem é sair cavando para tentar sair, mas é muito barro, é muito longe”.
Em outras cidades, o drama se repete. Uma família que esperava por socorro desde sábado não pôde ser resgatada porque o helicóptero já estava lotado.
No interior dos municípios de Canelinha, São João Batista, Nova Trento e Major Gercino, na Grande Florianópolis, máquinas vasculham escombros e trabalham para liberar as rodovias.
Uma imensa rachadura bloqueia a SC 411, entre Tijucas e Canelinha. Outras sete estradas estaduais estão interditadas.
A BR 101 continua fechada na cidade de Palhoça. No Vale do Itajaí, a BR 470, também está bloqueada em Gaspar. A BR 282, que dá acesso a serra catarinense, funciona com meia pista.
Como ajudar as vítimas dos temporais em SC
A Defesa Civil de Santa Catarina abriu contas bancárias para receber doações em dinheiro para ajudar vítimas da chuva.
São aceitas doações de qualquer quantia nas contas:Banco do Brasil Agência: 3582-3 Conta corrente: 80.000-7 Besc Agência: 068-0 Conta Corrente: 80.000-0 Bradesco S/A Agência: 0348-4 - Conta Corrente: 160.000-1

Titular das contas (pessoa jurídica): Fundo Estadual de Defesa Civil CNPJ: 04.426.883/0001-57
Doações de alimentos e roupas Segundo as autoridades de Santa Catarina, há necessidade principalmente de alimentos não-perecíveis, produtos de limpeza, colchões, cobertores e travesseiros em bom estado. Quem quiser doar deve procurar as prefeituras dos municípios prejudicados pelas cheias e deslizamentos. Entidades públicas e privadas também estão promovendo campanhas e recolhendo material em vários estados.
Informe-se sobre postos de coleta na Defesa Civil do seu estado.

CEDEC/RS - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Rio Grande do Sul www.defesacivil.rs.gov.br Fone: (51) 3210 4219

DEDC/SC - Diretoria Estadual de Defesa Civil de Santa Catarina www.defesacivil.sc.gov.br Fone: (48) 4009 9816

CEDEC/PR - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Paraná www.pr.gov.br/defesacivil

SEDEC/RJ - Secretaria de Estado da Defesa Civil do Rio de Janeiro www.defesacivil.rj.gov.br

CEDEC/SP - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de São Paulo www.defesacivil.sp.gov.br Fone: (11) 2193-8888

CEDEC/MG - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais www.defesacivil.mg.gov.br Fone: (31) 3236-2111

CEDEC/ES - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Espírito Santo www.defesacivil.es.gov.br Fone: (27) 3137-4441

SIDEC/DF - Sistema de Defesa Civil do Distrito Federal www.defesacivil.df.gov.br

CEDEC/MS - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Mato Grosso do Sul www.defesacivil.ms.gov.br Fone: (67) 3318.1078

Abaixo a Repressão: Liberdade para os sem-terra presos no Piauí!

MANIFESTO TODAS AS ENTIDADES SOCIAIS

Os trabalhadores sem-terra, organizados em torno do Movimento Resistência Camponesa, interditaram na manhã da última sexta-feira (21), a BR 316, no Km 23, nas proximidades do município de Demerval Lobão.

O movimento encampado por cerca de 41 famílias do acampamento Salitre Chileno, tem como objetivo provocar a abertura de um canal de negociação com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA), acerca da desocupação da Fazenda Buriti (993 hectares), vizinha ao acampamento onde os manifestantes residem.

Os manifestantes fizeram uma barricada queimando troncos de árvores no meio da pista e bloqueando a passagem de veículos, provocando um engarrafamento de aproximadamente 10 Km. No final da tarde, uma tropa de choque da Polícia Rodoviária chegou ao local e deu início a uma ação repressiva desumana e violenta, que começou com um jogo de palavras ofensivas às famílias, quando as mesmas já haviam desobstruído a BR e seguiam para seus barracos. Depois, os policiais começaram a bater nos manifestantes, envolvendo crianças, mulheres e idosos.

Por fim, sob alegação de tentativa de homicídio a um aposentado da Polícia Rodoviária, prenderam duas lideranças do Movimento Resistência Camponesa, Givanildo de Silveira e Romualdo Lopes de Sousa – "Brasil". O curioso é que não encontraram qualquer arma no assentamento.

DIANTE DESSE JOGO MARCADO ENTRE OS LATIFUNDIÁRIOS E O PODER JUDICIÁRIO, o governo do Estado do Piauí está mantendo dois presos políticos em suas cadeias. Assim, chamamos a TODAS ENTIDADES DO MOVIMENTO SOCIAL a mandarem seus protestos e suas exigências de LIBERDADE a JOSÉ ROMUALDO LOPES DE SOUSA E GIVANILDO DE SILVEIRA.

Mandem seus protestos E EXIGÊNCIAS para:

GABINETE DO GOVERNADOR

JOSÉ WELLINGTON BARROSO DE ARAÚJO DIAS

Endereço: Palácio de Karnak - Av. Antonino Freire, 1450 - Centro

CEP: 64.001-040 - Teresina - PI

Telefone: (86) 3221 3479 e 3221 5001

Fax: (86) 3226 8361 - e-mail: governador@pi.gov.br

________

Presidência do Tribunal de Justiça do Piauí

Desembargador Raimundo Nonato da Costa Alencar

Pça Des. Edgard Nogueira s/n, Centro Cívico, CEP 64000-830 -

Teresina-PI. Tel: (86) 3216-7412/7440/7443 - FAX: (86) 3216-7401

_____________

Corregedoria do Tribunal de Justiça do Piauí

Desembargadora Rosimar Leite Carneiro

Pça Des. Edgard Nogueira s/n, Centro Cívico, CEP 64000-830 -

Teresina-PI.

Tel: (86) 3216-7412/7440/7443 - FAX: 3215-7420 - Corregedoria

_____________________________

*POR JEFERSON LEITE:

Diante dos fatos em que nosso Estado a cada dia é denunciado por abuso da força policial, com seus comandantes/generais da repressão, devemos denunciar de forma constante aos grandes meios de comunicação de nível nacional, os de nível local encontram-se sob a tutela do governo do Estado.

É um governo que não respeita as leis dos direitos humanos e movimentos sociais, não é o que temos visto ultimamente, varias são as denuncias da OAB e outras entidades, e inclusive da própria coordenação dos direitos humanos de seu governo; a que se deve esta omissão, seria seu compromisso com a aristocracia burguesa( comerciantes, empresários e coronéis e detentores de poderes de política local em determinadas regiões).?

O governo quer tomar decisões pela opinião pública, onde a mesma é em grande parte ignorante e não sabe de seus direitos coletivos e fundamentais. " um líder deve conduzir e informar seu povo e não ser conduzido por ele, porque o povo pode errar, mas seus governantes não."(Jeferson Leite).

Portanto, se você acha que o governador apóia a prática de tortura, faça seu comentário e envie seu email para toda a imprensa e congresso nacional.

*Dentista, bancário e militante do movimento sindical.

Revista Veja: A vida atrás das grades

O dia-a-dia do casal Alexandre Nardoni e
Anna Carolina Jatobá,há 200 dias na prisão,
acusado da morte da menina Isabella
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá completam neste sábado, dia 22, 200 dias de prisão preventiva. No curso de quase sete meses, o casal acusado do assassinato da menina Isabella, filha de Nardoni e enteada de Anna Carolina, amargou uma sucessão de derrotas processuais (teve negados nove pedidos de soltura, dos quais o último na semana passada, pelo Supremo Tribunal Federal), viu os filhos no máximo três vezes e experimentou a sensação de ser hostilizado pelos piores entre os piores – já que a brutalidade do crime os coloca na mais infame das categorias da cadeia, aquela que é desprezada até mesmo pelos párias. Para saber como vivem hoje o pai e a madrasta de Isabella, VEJA ouviu ao longo de um mês 28 pessoas, entre pais, amigos e advogados dos acusados, além de parentes de detentos e funcionários das prisões onde eles se encontram.

Nardoni e Anna Carolina estão em cadeias vizinhas, em Tremembé, no interior de São Paulo. Ele está mais gordo e bem mais à vontade do que na sua primeira, e traumática, noite na Penitenciária Dr. José Augusto Salgado. Na ocasião, presos prepararam para ele uma recepção inesquecível. à meia-noite, passaram a repetir um refrão em uníssono: "Pára, pai! Pára, pai! Pára, pai!". A frase havia sido relatada à polícia por vizinhos dos Nardoni, que disseram tê-la ouvido de uma criança que estava no apartamento do casal, pouco antes da morte de Isabella. Trancafiado em sua cela e com o coro dos presos, que durou um minuto, martelando-lhe os ouvidos, Nardoni caiu em prantos.
Atualmente, ele divide a cela – equipada com televisão, rádio, três beliches duplos e chuveiro frio – com mais quatro presos. Um deles, de quem ficou mais próximo, é o advogado Jerônymo Ruiz Andrade Amaral, detido por tentar levar celulares para clientes presos, ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital. Ao contrário da maioria das prisões paulistas, superlotadas e com número insuficiente de vagas de trabalho, a penitenciária de Tremembé, considerada modelo, tem leitos de sobra e emprego para tantos quantos queiram trabalhar. Mas a atividade é obrigatória apenas para os presos condenados. Entre os provisórios, trabalha quem quer. Alexandre, até hoje, não quis. Por causa disso, sua rotina é um pouco diferente da dos demais. A maioria dos detentos acorda às 6 da manhã, quando é feita a contagem dos presos, toma café, segue para o trabalho nas oficinas e, mais tarde, para alguma aula (de línguas, música ou computação). Entre 16 e 17 horas, eles vão para o banho de sol, quando aproveitam para jogar bola. Depois disso, é jantar e cama. Como Nardoni não trabalha nem estuda (vez ou outra comparece às aulas de música), continua na cama até por volta das 10 da manhã. Quando vai para o banho de sol, não participa das peladas: fica sentado na arquibancada, sozinho ou acompanhado do amigo Jerônymo. Muitas vezes, dispensa uma das refeições, já que recebe comida de sobra dos pais, que o visitam semanalmente. Antonio Nardoni e a mulher chegam carregados com uma caixa e sacolas de frutas, bolachas, chocolates, refrigerantes e outras guloseimas para o filho dividir com a cela toda. Também deixam remédios, pasta de dentes, repelente contra insetos (a prisão fica em uma área repleta de mata, o que atrai pernilongos) e revistas, que Nardoni pouco lê. Ele prefere ver TV, o que faz praticamente o dia todo.
A rotina de Anna Carolina na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, a quinze minutos da cadeia de Nardoni, é um pouco mais movimentada. A madrasta de Isabella divide a cela com quatro detentas e trabalha na limpeza e na distribuição de alimentos. Dias antes da sua chegada, a direção da cadeia achou por bem deixar as presas sem ver televisão. Temia que, diante da repercussão do crime, elas reagissem mal à presença da mulher. Ao contrário do marido, Anna Carolina não enfrentou demonstrações barulhentas, mas teve de engolir a frieza de algumas presas que até hoje viram o rosto à sua passagem. Para aumentar as chances de uma estada sem maiores sobressaltos, ela adotou o expediente ao qual costumam recorrer acusados de crimes malvistos na cadeia (tais como estupro, no caso dos homens, e assassinato de crianças, no caso dos homens e mulheres): buscou abrigo na ala dos evangélicos. Nas prisões, os "convertidos", pelo fato de ficarem de fora dos grupos que disputam o poder e de serem considerados "café-com-leite", ganham uma espécie de escudo contra agressões. Anna Carolina passou a freqüentar cultos e a cantar no coral. Chegou a pedir ao pastor da cadeia para ser batizada. O pedido foi negado: o pastor respondeu que era cedo demais. Apesar da sua recém-professada fé evangélica, a madrasta de Isabella, que antes da prisão se dizia católica, gosta de ler autores espíritas, como Chico Xavier e Zibia Gasparetto.

No mês passado, Anna Carolina e Nardoni receberam pela primeira vez a visita dos filhos, Pietro, de 3 anos, e Cauã, de 1. Uma amiga de infância de Anna Carolina contou a VEJA que, a princípio, ela não queria que os meninos fossem vê-la. "Dizia que cadeia não era ambiente para crianças." Mas, à medida que os pedidos de soltura foram sendo negados e a saudade foi aumentando, Anna Carolina mudou de idéia. Seus advogados conseguiram, então, uma decisão judicial autorizando as visitas dos meninos em dias de semana, para poupá-los do assédio da imprensa. Em 29 de outubro, uma quarta-feira, Pietro e Cauã reviram o pai e a mãe pela primeira vez em quase seis meses. "Foi um momento de muita alegria e emoção", disse Alexandre Jatobá, pai de Anna Carolina. Depois de tanto tempo sem ver os pais, Cauã, que vai completar 2 anos em abril, já estava ficando um pouco confuso. Quem conta é Antonio Nardoni, pai de Alexandre: "Ele está perdendo a referência. Às vezes, chama minha filha de mãe e meu genro, de pai. Outras vezes, chama minha mulher de mãe e a mim, de pai". Amigos da família disseram que as crianças, que sempre tiveram um comportamento difícil, estão um tanto agressivas. Segundo eles, os conhecidos dos avós são freqüentemente recebidos com beliscões e, certa vez, até com tapa no rosto.
Cauã ainda não vai à escola e Pietro mudou de colégio depois da morte de Isabella. Para ficar anônimo, o menino usa um dos sobrenomes menos divulgados da família. Salvo os professores e a direção, ninguém na escola sabe quem são seus pais. De vez em quando, o menino fala da irmã. "Ele acha que a Isabella virou uma estrelinha", conta Alexandre Jatobá. "Às vezes, vai à janela à noite, aponta para o céu e diz: ‘Olha a Isa lá, vovô!’". Como, por ocasião do crime, tanto o pai de Anna Carolina quanto o pai de Nardoni deram entrevistas na TV, eles são freqüentemente reconhecidos – e, por vezes, hostilizados – nas ruas. Por causa disso, os avós quase nunca passeiam com as crianças. Alexandre Nardoni, por seu turno, desperta reações de outro tipo de público na cadeia: os filhos dos presos. A mãe de um detento conta que, ao levar a neta de 6 anos para ver o pai na penitenciária de Tremembé, ouviu da menina o comentário: "Olha, vó, é o homem que jogou a Isabella pela janela!".

A prisão em que está Nardoni reúne um número recorde de "celebridades" do mundo do crime. Estão lá Marcos Valério, o ex-carequinha do mensalão, os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, assassinos confessos dos pais de Suzane von Richthofen, e Mateus da Costa Meira, o estudante que matou três pessoas num cinema em São Paulo. O nome mais recente na galeria dos bandidos tristemente famosos de Tremembé chegou no mês passado: é Lindemberg Alves, o assassino da jovem Eloá Pimentel. A penitenciária de Anna Carolina também tem uma hóspede notória, além dela própria: a ex-estudante Suzane von Richthofen, condenada pelo assassinato dos pais. Embora estejam na mesma ala, as duas não são amigas e nem mesmo se falam.
Ao contrário do marido, que, nos domingos de visita, ganha enormes "jumbos" (como os presos chamam os alimentos e provisões trazidos pela família), Anna Carolina recebe de seus pais pacotes bem mais modestos. No último dia 9, por exemplo, quando completou 25 anos, teve de se contentar em comemorar a data com um singelo bolo Pullman, que ela enfeitou com uma mistura de creme de leite e chocolate em pó. O pai de Anna Carolina sempre teve uma vida financeira instável – e uma coleção de pendências com a Justiça. Atualmente, responde a três processos criminais, sendo um por furto de energia, outro por estelionato e um terceiro por importunação ofensiva ao pudor. Pouco depois do crime, com problemas de crédito, Jatobá pediu a uma amiga que lhe "emprestasse" o nome para que pudesse financiar a compra de um carro e, assim, poder visitar mais facilmente a filha na prisão. Condoída com a situação, a amiga aceitou ajudá-lo e hoje está às voltas com cobranças de parcelas atrasadas e um automóvel que não pode ser devolvido porque Jatobá o bateu. Atualmente, ele circula com veículos alugados, embora nem sempre tenha dinheiro para pagar a locação. No último dia 12, depois de conversar com VEJA, pediu à repórter 5 reais para completar o pagamento da diária de 39 reais. Diante da negativa, pendurou a dívida e pediu carona à reportagem.
No clã dos Nardoni, os problemas são de outra ordem. Cerca de dez dias antes da morte de Isabella, veio à tona na família a revelação de que o pai de Alexandre havia tido um relacionamento com a concunhada e que, dessa relação, nascera um menino hoje com 3 anos. Alexandre Nardoni confirmou o episódio em interrogatório diante do juiz Maurício Fossen, em maio. Perguntado sobre quantos irmãos tinha, ele, inicialmente, citou apenas Cristiane. Em seguida, acrescentou que tinha mais um, "um menino que meu pai teve fora do casamento". Corre em segredo de Justiça um processo amigável para que Antonio Nardoni reconheça a paternidade da criança.

O pai de Alexandre Nardoni e o pai de Anna Carolina têm uma relação tensa. Quando Antonio Nardoni vai pegar os netos na casa de Jatobá, recusa-se a subir ao apartamento: fica esperando pelas crianças na garagem do subsolo. Quando é Jatobá quem vai pegar os meninos com Antonio Nardoni, e se atrasa, o pai de Alexandre telefona reclamando, o que deixa Jatobá irritado. Apesar das implicâncias mútuas, as famílias se esforçam para preservar a relação, já que a dinâmica estabelecida entre elas interessa a ambas: os Jatobá, com mais tempo livre, cuidam das crianças, e os Nardoni, com mais dinheiro no bolso, pagam a escola de Pietro e as despesas com os advogados do casal. Entre Alexandre e Anna Carolina, dizem seus pais, tudo vai às mil maravilhas – na medida em que pode ir às mil maravilhas uma relação na situação dos dois. Seus pais afirmam que eles trocam cartas semanalmente e que o tom das mensagens é carinhoso. A amiga de infância de Anna Carolina ouvida por VEJA disse, porém, que, nas cartas trocadas entre elas, a madrasta de Isabella nunca menciona o marido.

Na próxima semana, a defesa do casal vai recorrer da sentença de pronúncia que determinou que os acusados devem ir a júri popular. As chances de reverter a decisão são ínfimas. Mantida a pronúncia, o plenário do júri deve ocorrer no ano que vem. Fará parte da estratégia da acusação uma apresentação do perfil psicológico de ambos, traçado pelo Ministério Público com a ajuda da pesquisadora criminal Ilana Casoy. O promotor Francisco Cembranelli tentará provar que a personalidade de Nardoni e a de Anna Carolina são compatíveis com a dinâmica da tragédia por ele descrita: de que a madrasta asfixiou a menina e o pai a arremessou pela janela (veja a versão da acusação). No plenário, Cembranelli sustentará que Nardoni é um jovem fracassado e frustrado, dependente do pai e incapaz de tomar decisões para evitar problemas – só reage quando eles já estão criados. Anna Carolina será descrita como alguém que age de forma impulsiva e nutre uma agressividade crescente e descontrolada. A promotoria também pretende levar ao júri pelo menos duas explicações inéditas: as circunstâncias da briga que o casal teve na noite do crime e o motivo pelo qual acredita que a esganadura da menina foi provocada pela madrasta. Se forem considerados culpados, Nardoni e Anna Carolina poderão sentir saudade dos tempos da prisão provisória. Não porque deverão ir para uma penitenciária pior – é provável que continuem no mesmo lugar. Mas, nesse caso, saberão que será por muito, muito tempo.
"Tiraram a maior parte de mim"
Mãe de Isabella Nardoni, assassinada no dia 29 de março aos 5 anos de idade, a bancária Ana Carolina Oliveira diz que sua rotina hoje se resume ao trabalho e às sessões de terapia. "Chego em casa e vou dormir para não ter tempo de sofrer", diz. Em depoimento ao repórter Kalleo Coura, ela chorou diversas vezes ao se referir à filha. Só não quis falar de Nardoni e Anna Carolina, os acusados da morte da menina. "O que eu posso dizer é que ninguém das duas famílias me ligou até hoje para me desejar o que quer que seja."

"Duas semanas depois da morte de minha filha, comecei a fazer terapia. Se não fosse isso, iria enlouquecer. Estava sem chão, sem rumo, achava que a Isabella poderia voltar a qualquer momento – até hoje, às vezes, me pego pensando assim. Com a terapia, consegui chorar tudo o que eu tinha para chorar. Assim como a religião, ela não me ajudou a superar o que aconteceu, mas a ficar mais firme. Em maio, tentei voltar a trabalhar, mas não conseguia me concentrar. Acompanhava as notícias sobre a morte da minha filha pela internet, e isso me desconcertava, não conseguia produzir nada. Ficava arrasada quando voltava para casa e via que ela não estava me esperando, como sempre fazia. Resolvi tirar uma licença de três meses. Fui para um lugar fora de São Paulo, não atendia o telefone e só via televisão o dia inteiro, para me informar sobre o caso. Durante todo esse período e até hoje, a Isabella não sai da minha cabeça. Penso nela desde o momento em que acordo, enquanto estou trabalhando e na hora em que vou dormir. Aí, sonho com ela. Hoje, minha vida se resume ao trabalho. Chego em casa e tento dormir para não ter tempo de pensar no que aconteceu e sofrer. Pelo menos uma vez por mês, vou ao cemitério levar flores cor-de-rosa, as preferidas da Isabella. Quase todos os fins de semana, arrumo meu quarto, onde dormia junto com ela. Organizo os livros, enfeites, CDs e mensagens de apoio que continuo a receber. O quarto está como era antes, com o mesmo mural de fotos dela e com a maioria das suas coisas. Nos fins de semana, sempre planejava algo com ela, íamos ao parque, assistíamos a um filme juntas. Mesmo quando minha filha ficava com o pai, o domingo já estava reservado para esperá-la. Esse tempo que eu tinha com a Isabella hoje é livre, e eu simplesmente não sei o que fazer com ele. Não vou ao cinema, não saio para dançar, não vou a festas. Às vezes vou jantar com amigos, mas, de certa forma, me afastei um pouco deles. Algumas coisas já não fazem mais sentido para mim. Não tenho motivo nenhum para comemorar nada. Não sou feliz nem infeliz, diria que sou indiferente em relação à vida. Tiraram a maior parte de mim."

terça-feira, 25 de novembro de 2008

BC altera regras do compulsório e libera R$ 6,2 bilhões para o BNDES

Aplicação em depósitos no BNDES pode ser abatida
no compulsório. Objetivo é melhorar condições de
crédito para empresas, diz BC.
O Banco Central anunciou nesta terça-feira (25) novas alterações nas regras dos depósitos compulsórios - recursos que têm de ser mantidos na autoridade monetária - com o objetivo de liberar R$ 6,2 bilhões para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Com a medida, o BC autorizou que a aplicação em depósitos interfinanceiros efetuados pelas instituições no BNDES poderá ser abatida no compulsório sobre depósitos a prazo - cuja alíquota é de 15%.

De acordo com a instituição, a medida "complementa" as ações do BC no sentido de melhorar a distribuição de recursos no sistema financeiro e as condições do mercado de crédito para pequenas e médias empresas.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia informado no início deste mês, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que o BNDES receberia mais R$ 10 bilhões. Cerca de R$ 4 bilhões já haviam sido liberado por meio da Caixa Econômica Federal e, o restante, está sendo viabilizado agora por meio da alteração das regras do compulsório.

Regras

Segundo a autoridade monetária, o prazo limite para efetivar novas aplicações passíveis dessa dedução do compulsório é 31 de dezembro deste ano. "As instituições terão até lá um incentivo a realizar ou renovar operações por prazos mais longos", explicou o BC.

O BC informou que, para todas as aplicações em depósitos interfinanceiros com abatimento de compulsório sobre depósito a prazo, somente serão aceitos DI (depósitos interfinanceiros) com prazo de 6 a 18 meses.

"Os limites visam evitar distorções nas operações de liquidez a curto prazo e tornar as aplicações compatíveis com as operações de crédito realizadas pelas instituições financeiras. Os recursos das aplicações que vençam após a publicação da circular voltarão a ser depositados em espécie e sem remuneração no BC, no vencimento", informou o BC.
As demais condições para o abatimento do recolhimento sobre depósitos compulsórios a prazo, informou a autoridade monetária, permanecem inalteradas, conforme as seguintes regras:
- O valor de dedução é limitado a 70% do total do compulsório sobre depósitos a prazo a ser recolhido ao Banco Central.
- A instituição compradora pode destinar até 20% do limite abatido para aquisição de operações de uma determinada instituição financeira.
- Apenas operações efetivadas até 31 de dezembro de 2008 serão consideradas.